É muito comum eu ser a última a finalizar as refeições. Comida fria? Nunca me incomodou. Mesa vazia? Acostumei. Até mesmo aprendi a mastigar, engolir e também beber enquanto caminho. Tudo para não atrasar meus acompanhantes. Pedir comida para viagem, então, nem se fala... É de praxe.
Em compensação, minha velocidade para comer é inversamente proporcional à minha velocidade para andar. Não consigo caminhar devagar, ando como acostumei a andar nas calçadas da região central de São Paulo: cabeça baixa, passos largos e rápidos, sempre antecedendo esbarrões e desviando ligeira das pessoas, sem encostar um milímetro sequer das minhas roupas nas roupas dos outros. É hábito. Simplesmente tenho pressa para chegar aos lugares, pressa para alcançar o ônibus, pressa para chegar a tempo, para sair do tumulto, da poluição. E, pudera, não tenho paisagem interessante para olhar!
Eu sou aquela que em grupo guarda a dianteira e não aprendeu a conversar enquanto coloca um pé na frente do outro. Só desacelero, a muito custo, para ouvir e responder, brevemente, um comentário ou outro. E quando finalmente chego ao destino, aí sou toda ouvidos e coração, acelerado, ainda, da corrida.
Talvez porque quando pequena aprendi duas coisas com o meu pai: a apreciar a alimentação e a acompanhar seus passos largos, ansiosos para alçar vôo e alcançar sonhos.
Um comentário:
que bonitinho!
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