Numa imensidão de véus brancos, minhas mãos tateiam sem ver.
Como se procurassem algo,
véus e mãos se esbarram e se afastam com leveza…
Numa imensidão de véus brancos, que sussurram o silêncio, a pausa
Uma criança busca abraços fraternos que se perderam...
As mãos vão erguidas à frente do corpo...
Sempre procurando...
Procurando...
Mas não há nada exceto o toque macio dos véus.
Véus se deixam levar pela brisa...
Vão
e voltam
Feito alento de alguém amado
Uma mão alcança um véu...
Resolve acaricia-lo...
É vaga...
Quase o atravessa...
Um véu beija o rosto...
Logo se vai...
Outro abraça o calcanhar...
Logo se vai...
Numa imensidão de véus brancos, eles são nuvens e eu sou pássaro...
Pairando...
Sozinha...
Encontro com uma nuvem que se dissolve...
Numa imensidão de véus brancos, eu danço e eles, sem querer, dançam comigo.
Quando eles vão
eu vou com eles...
Quando eles voltam
rodopio para trás...
Valsa com ondas de seda...
Lençóis límpidos pendurados no varal
num dia fresco de outono...
Uma mão afasta um véu,
para depois tentar retê-lo frente ao rosto...
Sentir seu perfume...
Do que é?
Segurá-lo próximo ao coração...
Para depois deixá-lo partir...
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