quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Resta pouco, ou quase nada,
do presente passado maléfico
Ouço um ruído.
Será suspiro aliviado?
Ou coração dilacerado?

Do âmago analiso uma
petulante sensação.
Um não sei o que
inquieto, mas de certo
envolvente e corrosivo.

ESPERE!
Vejo dentes, vários deles,
exibidos num desajeitado sorriso.
Vejo brilho, intenso e enigmático,
no par capitoso de olhos.
Tudo muito vago,
tal como um sonho desintegrado.
ESPERE!
Sinto abraços megalomaníacos
de bem querer e amparo.
Sinto a luz lançada, forte e quente,
da esperada salvação.
Sinto a brisa suavemente natural
da cômoda boa companhia.
PARE!

...Sinto a venda negra do apego, da desilusão, do desespero ímpio, rastejante, OBSCENO!

Friso que em nada devo saudosismo.
Pois de dúbios excepcionais tarde me saturo.

Castrou meu ego desaprovando com o olhar.
Ergueu barreiras intransponíveis
de odiosos sorrisos amarelos,
intragáveis risadas nervosas,
grotescas respostas superficiais...

Presente carne...
Ausente alma...
Não quero mais pensar
em tão vívida morte encarnada
de viscerais modos, mas
extrema perfeição anacrônica.

Lívida cá estou.
Ainda há o que remoer
enquanto existirem insatisfeitos
velhos surdos para ouvirem
a implacável dor no peito
dos insanos tagarelas.

Esses foram os relatos épicos de uma empreitada sublime, dilacerante, intensa, concomitantemente definhada nas entranhas por demais joviais, dantes inalteradas, porém o ultraje, o rancor, a angustia transformaram, vulgarmente, minha alcunha, sua alcunha, o amor.

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