sábado, 31 de dezembro de 2011

2012 Ano Novo



Sempre chove no Ano Novo. Ou melhor: sempre chove no último dia do ano. Sempre.

Imagino que isso seja, de alguma forma, uma manifestação do desejo coletivo de lavar o ano que passou para recomeçar. A chuva purifica não apenas o ar, o ambiente, mas a alma. Ou como quiser chamar essa essência existente em cada um de nós.

Neste momento, a chuva se intensifica. Lava chuva, lava mesmo. Leva embora o que não serve mais em mim, abre espaço para mais amor no meu coração.

Não sei exatamente o que esperar de 2012, até porque, inconscientemente, estou preparada para o mundo acabar, não é mesmo? Então não criei grandes planos. Hehehe…

Minha falta de expectativa se dá, também, por causa da minha leve decepção em relação a voltar à faculdade. Minhas opções se reduziram bastante devido a isso… Não sei ao certo se será um ano repleto de realizações fantásticas. Estou muito humilde.

Acho que espero mesmo é poder ser feliz com mais frequência e menos dificuldade. Sem ansiedade para me alcançar, para “chegar lá”. Ano que vem não preciso chegar a lugar algum. Só prosseguir construindo com calma, ter paciência comigo, deixando aflorar.

Talvez 2012 seja mais um ano de passagem, um ano em construção. Não tenho certeza de que será incrível, não tenho nem esperanças disso. Mas eu sei que vai me levar a algum lugar melhor. Disso eu estou certa.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Me descobrindo




Alguma coisa mudou devagar e discreto em mim para hoje aparecer de solavanco. Torrente de entendimentos às vezes precisos, mensuráveis numa frase, às vezes fragmentados, interrompidos para depois serem continuados, às vezes internos, sentidos, voláteis.

Me entendi hoje em várias formas, embora tenha me entendido desconjuntada. Não sei ainda como juntar tantas peças.


Descobri que fui vencida, neste final de ano, apenas pelo cansaço. 
Que eu não torço por outra pessoa se ela não me comove.
E que se os outros não torcem por mim, é porque não os comovi também.
Preciso cativar mais e me interessar mais pelas pessoas.

Descobri que me falta mais garra para lutar, que o meu bocado está guardado, só falta alcançar.
Nem que seja com unhas e dentes.

É possível ter atitude e ter leveza ao mesmo tempo.

Descobri que existem três principais formas de se viver: podemos trabalhar por subsistência, podemos trabalhar para ajudar os outros ou podemos trabalhar para criar o nosso. 
A partir disso, só varia mesmo a área.

Descobri que meu cabelo tem jeito se não for cortado reto, que me basto como manicure, que eu canto melhor se estiver em pé, que exercício físico e boa alimentação não servem apenas para ficar esbelta, mas principalmente para me manter saudável, descobri mais maneiras de valorizar o meu corpo e a minha personalidade através de roupas.
Descobri que eu realmente gosto de mim mesma e não tenho nenhuma desculpa para não ter uma boa saúde e boa aparência.

Descobri que eu preciso, e sempre precisei, de um tempo maior para aprender novas habilidades ou para assimilar novas informações. E que isso é normal, faz parte de mim. E só é ruim se não tenho foco.

Descobri que eu nunca fui uma pessoa totalmente suave, só muito cordial. E que hoje sou grata por terem, primeiro, me ajudado a encontrar a violência dentro de mim e agora me ajudarem a canalizá-la. 

Eu não preciso ter receio de ser eu mesma, preciso apenas manter a minha criatividade e curiosidade ao longo dos anos. E desenvolver a minha extroversão.

Eu não preciso ter medo de errar, nem de passar por situações de crise, apenas saber, nem que seja por um vislumbre, qual é a razão de tudo isso, aonde eu quero chegar.

Sacrifícios só valem a pena se você tiver consciência do que está sendo sacrificado e para que. Se for mantida a tranquilidade mais absoluta sobre a relação entre o tempo e a felicidade.

Sacrifício, mesmo, só existe se você não é capaz de ser feliz em todos os momentos, apesar dos pesares: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena." (Fernando Pessoa)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011


Não seja tão dura nem tão exigente assim consigo mesma, Paula.


Eu preciso amar direito


"This little light of mine
I'm gonna let it shine
Let it shine, let it shine, let it shine
All down the world
I'm gonna let it shine
Let it shine, let it shine, let it shine"

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

"A melhor forma de ser esquecido é tentando ser agradável."

(Carpinejar)

"Admirar é desafiar."

(Chapéu Preto)

Mimos de quem? Um apelo.



"O destino nos dá irmãos, mas o coração escolhe os amigos."

Ouvi um dia desses da avó do meu namorado: "quem quer elogio e atenção, não teve avós."

Pois eu vou contar uma história longa e triste para vocês, meus caros.

Eu não tive avós.

Meu único avô vivo, meu avô paterno, morreu quando eu tinha 15 anos de idade e nunca deu a menor bola para mim. Inclusive, o único presente que recebi dele na vida inteira foi uma nota de US$100,00, por causa do meu bat-mitzvá.

Eu tenho ainda uma tia avó, materna, porque o meu tio avô também morreu em 2005. E querem saber de uma coisa? Nunca se interessaram em manter contato também, em puxar assunto, em me mimar, de verdade, como vejo muitos avós fazerem por aí.

Para os meus pais eu sou uma completa alienígena e com eles não tenho a mínima intimidade para pedir conselhos ou um cafuné.

Com a minha irmã, não consigo desabafar sobre tudo, divergimos de opinião, não em vários aspectos, mas em alguns importantes.

Ou tudo isso é verdade, ou sou ingrata, ou sou responsável por tudo isso. Vai ver eu nasci mesmo uma frígida alienígena antissocial. Mas de qualquer forma, gostaria de informá-los, queridos amigos, que sobrou para vocês.

Vocês são a minha única esperança, só com vocês quero desabafar, só de vocês quero ouvir conselhos, elogios e críticas e só de vocês eu quero um colo, vez ou outra.

Então, por favor, não economizem amor e não me façam acreditar que a única solução para mim é frequentar uma terapeuta. Não me façam sentir inadequada demais. Nunca. Por favor.

Eu preciso de vocês.

Ironia da vida


Talvez eu simplesmente deva aceitar o fato indigesto de que nem todo amor é recíproco na mesma intensidade nem no mesmo momento.

É uma das ironias da vida: enquanto você valoriza alguns em determinados momentos, os mesmos não te valorizam e enquanto alguns de valorizam em determinados momentos, você não os valoriza.

E por aí vai. A pessoa que te ama um dia, amanhã te esnoba. A mesma pessoa que te esnoba um dia, amanhã te ama. 
A pessoa que você ama hoje, amanhã você esnoba e que você esnoba hoje, amanhã você ama.

Ninguém nunca está totalmente correspondido.

E nos apegamos quase sempre às não correspondências.

Como perfeitos idiotas que somos hoje e amanhã não somos mais.

Perfeição


A perfeição, ou a busca por ela, às vezes me deixa realmente entediada.

Sobre o surto


O surto é fruto da insegurança. Sempre.

Carência, necessidade


Acredito estar perdendo a minha capacidade de identificar do que preciso e de quem preciso, em certos momentos. De qualquer forma, eu nunca gosto de incomodar ninguém, tenho medo de ser cansativa em demasia. De abusar da boa vontade de quem quer que seja.

Sou confusa. Preciso de ajuda, não gosto de admitir isso, ao mesmo tempo que preciso admitir que preciso de ajuda. Porque só comigo mesma eu não me garanto. Minhas mágoas não se dissolvem.

O ideal seria se eu contasse sempre comigo mesma. Se comigo estivesse salva. Se meus amigos não precisassem me ouvir resmungar meus problemas.

O ideal seria eu não enxergar problemas.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

When you wish upon a star


Há certas coisas que só podemos buscar dentro de nós. Há uma luz que apenas existe em nós mesmos...
Essa ternura, este estado de graça... 
Ninguém pode tirar e ninguém pode dar...


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Fuga (Clarice Lispector)


Começou a ficar escuro e ela teve medo. A chuva caía sem tréguas e as calçadas brilhavam úmidas à luz das lâmpadas. Passavam pessoas de guarda-chuva, impermeável, muito apressadas, os rostos cansados. Os automóveis deslizavam pelo asfalto molhado e uma ou outra buzina tocava maciamente.

Quis sentar-se num banco do jardim, porque na verdade não sentia a chuva e não se importava com o frio. Só mesmo um pouco de medo, porque ainda não resolvera o caminho a tomar. O banco seria um ponto de repouso. Mas os transeuntes olhavam-na com estranheza e ela prosseguia na marcha.

Estava cansada. Pensava sempre: “Mas que é que vai acontecer agora?” Se ficasse andando. Não era solução. Voltar para casa? Não. Receava que alguma força a empurrasse para o ponto de partida. Tonta como estava, fechou os olhos e imaginou um grande turbilhão saindo do “Lar Elvira”, aspirando-a violentamente e recolocando-a junto da janela, o livro na mão, recompondo a cena diária. Assustou-se. Esperou um momento em que ninguém passava para dizer com toda a força: “Você não voltará”. Apaziguou-se.


Agora que decidira ir embora tudo renascia. Se não estivesse tão confusa, gostaria infinitamente do que pensara ao cabo de duas horas: “Bem, as coisas ainda existem”. Sim, simplesmente extraordinária a descoberta. Há doze anos era casada e três horas de liberdade restituíam-na quase inteira a si mesma: – primeira coisa a fazer era ver se as coisas ainda existiam. Se representasse num palco essa mesma tragédia, se apalparia, beliscaria para saber-se desperta. O que tinha menos vontade de fazer, porém, era de representar.

Não havia, porém, somente alegria e alívio dentro dela. Também um pouco de medo e doze anos.

Atravessou o passeio e encostou-se à murada, para olhar o mar. A chuva continuava. Ela tomara o ônibus na Tijuca e saltara na Glória. Já andara para além do Morro da Viúva.

O mar revolvia-se forte e, quando as ondas quebravam junto às pedras, a espuma salgada salpicava-a toda. Ficou um momento pensando se aquele trecho seria fundo, porque tornava-se impossível adivinhar: as águas escuras, sombrias, tanto poderiam estar a centímetros da areia quanto esconder o infinito. Resolveu tentar de novo aquela brincadeira, agora que estava livre. Bastava olhar demoradamente para dentro d’água e pensar que aquele mundo não tinha fim. Era como se estivesse se afogando e nunca encontrasse o fundo do mar com os pés. Uma angústia pesada. Mas por que a procurava então?

A história de não encontrar o fundo do mar era antiga, vinha desde pequena. No capítulo da força da gravidade, na escola primária, inventara um homem com uma doença engraçada. Com ele a força da gravidade não pegava... Então ele caía para fora da terra, e ficava caindo sempre, porque ela não sabia lhe dar um destino. Caía onde? Depois resolvia: continuava caindo, caindo e se acostumava, chegava a comer caindo, dormir caindo, viver caindo, até morrer. E continuaria caindo? Mas nesse momento a recordação do homem não a angustiava e, pelo contrário, trazia-lhe um sabor de liberdade há doze anos não sentido. Porque seu marido tinha uma propriedade singular: bastava sua presença para que os menores movimentos de seu pensamento ficassem tolhidos. A princípio, isso lhe trouxera certa tranquilidade, pois costumava cansar-se pensando em coisas inúteis, apesar de divertidas.

Agora a chuva parou. Só está frio e muito bom. Não voltarei para casa. Ah, sim, isso é infinitamente consolador. Ele ficará surpreso? Sim, doze anos pesam como quilos de chumbo. Os dias se derretem, fundem-se e formam um só bloco, uma grande âncora. E a pessoa está perdida. Seu olhar adquire um jeito de poço fundo. Água escura e silenciosa. Seus gestos tornam-se brancos e ela só tem um medo na vida: que alguma coisa venha transformá-la. Vive atrás de uma janela, olhando pelos vidros a estação das chuvas cobrir a do sol, depois tornar o verão e ainda as chuvas de novo. Os desejos são fantasmas que se diluem mal se acende a lâmpada do bom senso. Por que é que os maridos são o bom senso? O seu é particularmente sólido, bom e nunca erra. Das pessoas que só usam uma marca de lápis e dizem de cor o que está escrito na sola dos sapatos. Você pode perguntar-lhe sem receio qual o horário dos trens, o jornal de maior circulação e mesmo em que região do globo os macacos se reproduzem com maior rapidez.

Ela ri. Agora pode rir... Eu comia caindo, dormia caindo, vivia caindo. Vou procurar um lugar onde pôr os pés...

Achou tão engraçado esse pensamento que se inclinou sobre o muro e pôs-se a rir. Um homem gordo parou a certa distância, olhando-a. Que é que eu faço? Talvez chegar perto e dizer: “Meu filho, está chovendo.” Não. “Meu filho, eu era uma mulher casada e sou agora uma mulher”. Pôs-se a caminhar e esqueceu o homem gordo.

Abre a boca e sente o ar fresco inundá-la. Por que esperou tanto tempo por essa renovação? Só hoje, depois de doze séculos. Saíra do chuveiro frio, vestira uma roupa leve, apanhara um livro. Mas hoje era diferente de todas as tardes dos dias de todos os anos. Fazia calor e ela sufocava. Abriu todas as janelas e as portas. Mas não: o ar ali estava, imóvel, sério, pesado. Nenhuma viração e o céu baixo, as nuvens escuras, densas.

Como foi que aquilo aconteceu? A princípio apenas o mal-estar e o calor. Depois qualquer coisa dentro dela começou a crescer. De repente, em movimentos pesados, minuciosos, puxou a roupa do corpo, estraçalhou-a, rasgou-a em longas tiras. O ar fechava-se em torno dela, apertava-a. Então um forte estrondo abalou a casa. Quase ao mesmo tempo, caíam grossos pingos d’água, mornos e espaçados.

Ficou imóvel no meio do quarto, ofegante. A chuva aumentava. Ouvia seu tamborilar no zinco do quintal e o grito da criada recolhendo a roupa. Agora era como um dilúvio. Um vento fresco circulava pela casa, alisava seu rosto quente. Ficou mais calma, então. Vestiu-se, juntou todo o dinheiro que havia em casa e foi embora.

Agora está com fome. Há doze anos não sente fome. Entrará num restaurante. O pão é fresco, a sopa é quente. Pedirá café, um café cheiroso e forte. Ah, como tudo é lindo e tem encanto. O quarto do hotel tem um ar estrangeiro, o travesseiro é macio, perfumado, a roupa limpa. E quando o escuro dominar o aposento, uma lua enorme surgirá, depois dessa chuva, uma lua fresca e serena. E ela dormirá coberta de luar...

Amanhecerá. Terá a manhã livre para comprar o necessário para a viagem, porque o navio parte às duas horas da tarde. O mar está quieto, quase sem ondas. O céu de um azul violento, gritante. O navio se afasta rapidamente... E em breve o silêncio. As águas cantam no casco, com suavidade, cadência... Em torno, as gaivotas esvoaçam, brancas espumas fugidas do mar. Sim, tudo isso!

Mas ela não tem suficiente dinheiro para viajar. As passagens são tão caras. E toda aquela chuva que apanhou, deixou-lhe um frio agudo por dentro. Bem que pode ir a um hotel. Isso é verdade. Mas os hotéis do Rio não são próprios para uma senhora desacompanhada, salvo os de primeira classe. E nestes pode talvez encontrar algum conhecido do marido, o que certamente lhe prejudicará os negócios.

Oh, tudo isso é mentira! Qual a verdade? Doze anos pesam como quilos de chumbo e os dias se fecham em torno do corpo da gente e apertam cada vez mais. Volto para casa. Não posso ter raiva de mim, porque estou cansada. E mesmo tudo está acontecendo, eu nada estou provocando. São doze anos.

Entra em casa. É tarde e seu marido está lendo na cama. Diz-lhe que Rosinha esteve doente. Não recebeu seu recado avisando que só voltaria de noite? Não, diz ele.

Toma um copo de leite quente porque não tem fome. Veste um pijama de flanela azul, de pintinhas brancas, muito macio mesmo. Pede ao marido que apague a luz. Ele beija-a no rosto e diz que o acorde às sete horas em ponto. Ela promete e torce o comutador.

Dentre as árvores, sobe uma luz grande e pura.

Fica de olhos abertos durante algum tempo. Depois enxuga as lágrimas com o lençol, fecha os olhos e ajeita-se na cama.

Dentro do silêncio da noite, o navio se afasta cada vez mais.

Yo



Estou tão concreta neste momento. Tão construída. Pronto. Agora, por favor, me abstraia, me dissolva, Paula. Cansei de viver a mesma história, a mesma vida, a mesma pessoa.

Me sinto tão eu mesma.
Às vezes não queria ser tão eu.
Cansa.

Me larga!

Me largo.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Discurso de posse em 1994

"Nosso grande medo não é o de que sejamos incapazes.
Nosso maior medo é que sejamos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos amedronta.
Nos perguntamos: "Quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso e incrível?" Na verdade, quem é você para não ser tudo isso?...Bancar o pequeno não ajuda o mundo. Não há nada de brilhante em encolher-se para que as outras pessoas não se sintam inseguras em torno de você.
E à medida que deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo".

(Nelson Mandela)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Expectativa


Em determinado momento, me dei conta de que a vida vai se vivendo. Me vi sem expectativa de nada, sem ansiedade. E acho que isso fez sentido.
A relativa tranquilidade dos outros em relação a você e de você em relação a si mesma.
- E agora, o que vem depois?
- Depois? Não sei. 
Estou vivendo. Estou caminhando. Estou aprendendo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sorrisos


Descobri um novo remédio à intolerância! É simples! Basta olhar para aqueles rostos sérios, desconfiados, contrariados, que vemos sempre por aí, e imaginá-los sorrindo. E então, é possível ver a humanidade por trás de cada face estranha e emburrada, porque entendemos que por trás de uma cara feia há alguém que também já gargalhou.

Estamos fortemente unidos pelo prazer em sorrir. =]


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Perdoar é um ato de coragem e amor




Todos fazem escolhas nesta vida e, quando se mostram equivocadas, quando prejudicam alguém, depois disso resta mais uma escolha para cada um dos envolvidos: ou insistem em ser vítimas ou insistem em ser vilões.

É tão fácil se enquadrar no papel de vítima. Tão simples, tão sádico, tão covarde. Qualquer um pode ser vítima o tempo inteiro, de outras pessoas, de situações, de "falta de sorte", de "falta de oportunidade", do mundo. Jogar a culpa no outro ou nas circunstâncias é cômodo, quase uma benção. "Não tinha coragem para fazer isso, para dizer aquilo, para ir ali, para mudar, então vou ficar aqui culpando o céu e o mundo, porque não quero evoluir. Evoluir é difícil."

Agora numa briga, quando uma pessoa prejudica outra por alguma razão, vou te dizer uma coisa: não é fácil ser vilão da história. Não é fácil ser culpado. Porque no fundo todos são bem intencionados, todos querem ser bons, querem ser aceitos, entende? E quando não são, isso os torna automaticamente errados no mundo. É difícil ser um erro, um fracasso. Conviver com alguma culpa, algum remorso, é horrível. Eu sei disso, já encarnei o papel de vilã várias vezes, e sabe porquê? Porque me convenceram disso e, principalmente, porque EU não me perdoei.

Hoje, na minha primeira fase da maioridade, afirmo já ter derramado muitas e muitas e muitas lágrimas por causa de outras pessoas. Fiquei e ainda fico remoendo coisas "ruins" que fiz para elas, me penalizando por ter sido uma "garota má", me sentindo uma fraude. Eu ainda tenho alguma jornada pela frente, mas eu sei qual é o primeiro passo: me perdoar.

Eu me perdoo. Eu me perdoo. Eu sou inocente, juro que sou, juro que todos os meus erros foram frutos de uma falta de jeito, não de uma falta de caráter. Às vezes eu sou desajeitada, é só isso. Eu amo muito e meu amor às vezes é muito grande. Meu amor às vezes é egoísta, às vezes é sufocante, às vezes é medroso de ser um amor solitário.

Minha falta de jeito nunca é maliciosa. Não é premeditada. Não sou vilã de nada. E nem ninguém deveria ser vítima.

Justamente. Cada um faz a sua escolha. Eu escolhi me perdoar, escolhi ter os braços abertos, não ter medo de amar. E isso exige coragem, força. Essa história de se permitir ser feliz.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


Serenidade. 


Pureza. 


Feminilidade. 


Leveza. 


Quero algo só meu. Algo que ninguém possa tocar, ninguém possa tirar.



Luz.


Quero só ouvir o som da água escorrendo pelo meu corpo e caindo no chão, limpando, levando embora. 


Limpando... 






Escorrendo... 






Água diáfana... 






Limpando...






Escorrendo...








Acalmando...







Inocentando.





Quebra-cabeça: uma metáfora da vida




Estava montando quebra-cabeça na casa da Aninha, quando comecei a refletir sobre como tal atividade pode ser também uma metáfora da vida:


Às vezes, nada parece se encaixar. O melhor a fazer é parar, respirar um pouco, e prosseguir encaixando aonde der. Uma hora tudo fará sentido e você conseguirá encaixar as outras peças.


Ver tudo muito de perto nos impede de entender o quadro geral e dificulta o processo.


Se uma peça não encaixa, não adianta tentar encaixá-la à força.


Nem numa segunda tentativa: não encaixou da primeira vez, não irá encaixar na segunda. Então não insista!


Quando peças de mesma cor surgem, nos apegamos a cada pequeno rastro de cor diferente para montá-las.


E quando só restam peças de mesma cor, observamos seus formatos.


E quando só restam peças de mesma cor E formato semelhante, tentamos encaixar na tentativa e erro.


(para tudo há jeito!)


Ás vezes nos fazem acreditar que aquela peça deveria se encaixar ali, mas não adianta. Então precisamos confiar na nossa percepção sobre ela e tentar em outro lugar.


Se não encaixa naquele momento, encaixará em outro.


Comece pelas bordas. Comece pelo começo. Para toda a conclusão existe um primeiro passo. Para todo primeiro passo existe um espaço em branco a ser desafiado.


Montar as peças em grupo é mais fácil (e mais divertido)!


;-)

Amigo


Amigo talvez seja aquele que nunca desistirá de você.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Careta


Às vezes tenho vontade de ser careta só para não ter que viver no susto.

Será que um pouco de caretice faz bem?

E ando tão automática que me pergunto se já não me esqueci por aí numa esquina qualquer.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011


Às vezes surgem cicatrizes na nossa vida, frutos de momentos de tristes descobertas, que são assimiladas. Como um sofrimento inconsciente, um pedacinho pequeno de alma que se foi e não nos damos mais conta.

E então, alguns anos passam, e notamos a nossa fisionomia cada vez mais séria nos álbuns de fotos. São os nossos pequenos pedaços de alma que nos deixaram, pouco a pouco, até imprimirem em nós uma cicatriz que se tornou evidente.

Nosso corpo é uma ferida aberta.

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