terça-feira, 29 de novembro de 2011

Espirro



Me irrita num espirro o excesso de vida que há nele.

Apego



O apego hoje me parece o mais absoluto engano.
Impossível.

Will you send me an angel?



Há dias, como hoje, nos quais eu desejo que alguém segure no meu braço e me impeça de ir.
Que alguém me abrace e me impeça de cair.






Desfazer


Quero desfazer este nó na garganta.
Entender que é tudo mais simples.
Para não me arrepender de não ter vivido mais leve.


Não existe garantia de felicidade em lugar nenhum.
Existe sim é tentativa e erro.
Erro e tentativa.
Uma coisa é certa:
Fez cara feia tá errado!


A vida não é linear
Não tem sentido obrigatório.
É única e absolutamente particular.
Você sabia disso?


Tenho medo de tudo que é concreto demais.
Tudo o que é concreto demais nos engessa.

Viver


O sistema nos faz acreditar que só existe um único caminho a se viver: nascer, ir para escola, ir para a faculdade, arranjar um emprego, casar, comprar uma casa, ter filhos, se aposentar e morrer.


Conforme o tempo passa, a fórmula acima se modifica um pouco aqui ou ali, mas se mantém em essência. Diria, com certa margem de erro, que, ao menos em relação à população ocidental ou ocidentalizada, a maioria das pessoas segue esta norma enquanto alguns poucos tentam algo diferente. E, quando tentam, ou sofrem de preconceito, ou sofrem de angústia em algum momento.


De certa maneira, quando estamos imersos nesta realidade, é realmente difícil enxergar para fora da caverna. Quando percebemos, já se passou 60 anos e jogamos nossos desejos pela janela, apenas porque permitimos alguma outra pessoa dizer como devemos viver a nossa própria vida.


Eu descobri que a vida não é uma série de obrigações a serem cumpridas, não é uma sequência de fases a serem superadas, uma semana que começa e logo termina. 

Não é um dia após o outro. É uma vida após outra. Quando o sol nasce e quando se põe.

Não é ser reconhecido, aclamado, condecorado. É realizar o bem e o que te faz bem, independente de tudo.

Não é suprir as expectativas alheias, não é viver de aparências, não é viver nos conformes. É achar a própria fórmula da felicidade.

Não é viver adiante. É ser feliz em cada respiro.

Tentando colocar idéias em ordem


O meu tempo está se esgotando, não porque alguém disse que está, mas porque eu reafirmei um prazo, já estabelecido pela instituição de ensino, para decidir se retornava ou não. Digo "reafirmei", porque se eu fosse livre, o prazo deles pouco importaria na minha vida.

Eu vejo um 2012 sombrio e um 2013 morno e solitário, se eu voltar para o SENAC. Não me peçam para explicar, é só a sensação que eu tenho. 

Na verdade, o que me deixa mais aflita é a possibilidade de passar dois anos querendo, apenas, que o tempo passe.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Poeira







Quanto mais coisas temos, mais difícil se torna retirar a poeira.

sábado, 26 de novembro de 2011

Final feliz


Às vezes tenho a impressão de que nos iludimos, como se fossemos tão absolutamente imersos num querer parecer e num querer sentir. Quase conseguimos nos desacreditar. É a mania de happy ending, uma derrota adiada. Mania de achar que está tudo bem no final das contas. Esperança insuportável. Dá vontade de dizer: não, não está tudo bem! Seja mais íntegro e pare de querer dar final feliz para cada frase tua. Admita que você mudou, que os seus sonhos morreram, que seu rosto agora se tornou uma máscara.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011




E então eu olhei ao meu redor. E calculei quantos anos foram necessários para construir esta realidade, quantos anos permaneço assim, e em quantos anos pretendo derrubar tudo.

Acariciava com os olhos cada canto do meu quarto, quando indaguei o que tudo aquilo, afinal, representa. Esta permanência. Cada objeto meu, cada decoração tão calculada. Como se quisesse compensar 18 anos sem um quarto para chamar de meu. E o tempo parou. Percebi como nada é realmente tão estável quanto parece. Não pode ser!

E então a garganta apertou, e chorei um choro meio sofrido, meio represado, paulatino. 
Me senti ridícula, me sinto ridícula. Quer dizer... Paula, quanto tempo você realmente achava que isso iria durar? Morar com os pais...

Na verdade, é como se isso não tivesse passado pela minha cabeça. Não era uma questão. Digo... É claro que eu sempre quis uma casa minha, para fazer as coisas do meu jeito, sem dar satisfação à ninguém, essas coisas. Quem não quer? Mas há algo de permanente na maneira como eu habito esta casa. Da mesma maneira como sempre habitei, com aquela despreocupação infantil, adolescente. 

Minha infância e minha adolescência foram eternas! Eternas! Estava tudo tão distante e era tudo tão óbvio. Morar na casa dos meus pais é óbvio! Faz sentido, entende? Como sempre fez. Aquela lógica: 

- Aonde você vai estar no próximo ano? 
- Ah, vou estar aqui.
- Aqui?
- É. Aqui, na minha casa.
- Fazendo o quê?
- Estudando.
- Ah é?
- É, ué. Para passar de ano na escola.

Choque.

Eu não estou mais na escola.

Choque de novo.

Estava na faculdade já. No TERCEIRO e penúltimo ano da faculdade.

Catarse.

E você quer saber de uma coisa? Próximo ano eu não faço a MENOR idéia de onde eu estarei ou o que estarei fazendo!

De repente nada é previsível, nada é óbvio, nada é permanente.

E o choro retorna, engasgando, esmagando, arranhando antes de se transmutar em lágrimas inocentes. "É mesmo? É verdade? É verdade que um dia devo sair da casa dos meus pais? É? É verdade que estou envelhecendo? Que a vida está passando?".

O choro retorna num lamento, porque me sinto irremediavelmente vulnerável diante da instabilidade da vida. Impotente diante do tempo.

"Eu não quero. Eu não quero!", imploro por dentro. Me apego a cada átomo desta casa, a única coisa aparentemente concreta na minha vida desajeitada.

Não imaginava, até o momento, o tamanho do meu medo. É como se para me sentir livre precisasse me sentir presa. Nunca me imaginei dizendo isso, mas digo: "eu quero estar presa!"

O que o desespero não é capaz de fazer, não é mesmo?

Me assusta a minha aflição em mudar! Resistência tamanha não é possível! Preferir uma liberdade cerceada... De novo: me sinto RI-DÍ-CU-LA. 

Mas ao mesmo tempo tão justificada.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Você conhece o seu talento?



Um jovem procurou seu professor porque se sentia um inútil. Achava-se lerdo, não conseguia fazer nada bem feito. Desejava saber como poderia melhorar e o que devia fazer para que o valorizassem.
O professor, sem olhá-lo, lhe disse:

– Sinto muito, mas antes de resolver o seu problema preciso resolver o meu próprio. Talvez você possa me ajudar.


Tirou um anel que usava no dedo pequeno e deu ao rapaz, recomendando:
– Vá até o mercado. Preciso vender este anel porque tenho que pagar uma dívida. É preciso que você consiga por ele o máximo, mas não aceite menos do que uma moeda de ouro.
O rapaz pegou o anel e foi oferecê-lo aos mercadores. Eles olhavam com algum interesse, mas quando ele dizia o quanto pretendia por ele, desistiam.Quando ele mencionava uma moeda de ouro, alguns riam, outros saíam sem ao menos olhar para ele. Somente um velhinho muito amável lhe explicou que uma moeda de ouro era muito valiosa para aquele anel.
Abatido pelo fracasso, o rapaz retornou à presença do professor, dizendo que o máximo que lhe ofereceram foram duas ou três moedas de prata. Ouro, nem pensar!
O dono do anel respondeu que seria importante, então, saber o valor exato do anel. Sugeriu que o jovem fosse ao joalheiro para uma correta avaliação. E fez outra recomendação: 
- Não importa o valor que lhe ofereçam, não venda este anel.
O jovem foi, um tanto desanimado. O joalheiro, depois de examinar com uma lupa a jóia, pesou-a e lhe disse:
– Diga ao seu professor que, se ele quiser vender agora, não posso lhe dar mais do que cinqüenta e oito moedas de ouro.
O rapaz teve um sobressalto:
– Cinqüenta e oito moedas de ouro?
– Sim, retornou o joalheiro. Com tempo, eu poderia oferecer cerca de setenta moedas. Mas, se a venda é urgente…
O discípulo recusou a oferta e voltou correndo para dar a boa notícia ao professor. Depois de ouvi-lo, o professor falou:
– Sente-se, meu rapaz. Você é como este anel, uma jóia única e valiosa. Como toda jóia preciosa, somente pode ser avaliada por quem entende do assunto. Por acaso você imaginou que qualquer um poderia descobrir o seu verdadeiro valor?
Tomando o anel das mãos do rapaz, tornou a colocá-lo no dedo, completando:
- Todos somos como esta jóia: muito valiosos. No entanto, andamos por todos os mercados da vida pretendendo que pessoas inexperientes nos valorizem.
(Cissa Vidal, "Caixa de Ferramentas - manual indispensável para o bom desempenho nos recursos humanos")

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Experiências




Não adianta se esforçar para enxergar coisas positivas no que ou em quem você já enxergou coisas negativas de antemão. Desperdício de tempo e de energia. Melhor mesmo é focar naquilo ou em quem já te conquistou desde o início, incondicionalmente.   

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Apolíticos


No momento, estou quase preferindo uma sociedade de apolíticos à esta de manipulados.O que? Você acredita que "analfabetos políticos" são mais manipuláveis? Tem certeza? Hoje eu sinceramente não acredito nisso. Acredito sim que, na realidade, as pessoas mais manipuladas são as que se norteiam através de uma escolha partidária. E aquelas "ignorantes"de política, na realidade, são capazes de enxergar uma situação com mais clareza, sem as lentes dos interesses de um partido.

É claro, qualquer generalização é burra. Só estou tentando dizer que eu, com a pouca afinidade política que tenho, justamente por isso sou capaz de enxergar o sofrimento humano por trás de uma ação. Sou capaz de enxergar que NADA justifica a agressividade dos políciais militares contra os estudantes da USP, que existem meios mais civilizados para argumentar, que eu entendo que os PMs se arriscam todos os dias por um salário miserável... Entendo tudo isso. E exatamente por isso não vou chamar os estudantes da USP de baderneiros rebeldes sem causa nem os PMs e a coordenação da USP de ditadores truculentos e retrógrados. Essa não é a questão.

Só isso.

domingo, 6 de novembro de 2011

Heróis


Meus heróis não morreram de overdose. Não são dotados de super-poderes. Meus heróis não batalharam em guerras. Não apagaram incêndios. Não apareceram numa história em quadrinhos. Não usam disfarces. Não derrotaram criaturas míticas.


Mas meus heróis me salvam todos os dias. E diante disso, eu sinto muito, mas minhas palavras se perdem. Não ouso sequer descrever o que representa isso. Nenhuma palavra traduz.

sábado, 5 de novembro de 2011

Estado de latência



Me sinto latente em mim mesma.


sexta-feira, 4 de novembro de 2011





"Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola.
E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim.

O destino da felicidade, me foi traçado no berço."
(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Lembranças dos tempos de escola


Com certa frequência me ocorre lembranças do meu período escolar. Não sei dizer o que me conduz a isso, mas este tipo de reflexão me permite entender alguns aspectos sobre mim. Ou me levam a alguma conclusão, que só poderia chegar com uma análise mais distanciada e com a experiência dos anos. Ou me enchem de revolta e tristeza.

Hoje, por exemplo, lembrei de um episódio que ocorreu quando estava na 4ª série. A professora pediu para que, de um em um, contássemos algo que gostaríamos que fosse diferente nas nossas vidas. Algo assim. E eu lembro de ter compartilhado que eu gostaria que me chamassem para lanchar junto no recreio. 

E chamaram. A Michelle me chamou e eu me senti, de repente, muito querida. Foi especial para mim.

Mas no dia seguinte em diante me vi abandonada novamente.

Eu sinto simpatia, embora magoada, por aqueles que falharam em me fazer feliz. Mas não consigo perdoar aqueles que falharam em me ajudar, quando estive mais vulnerável.

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