sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Estranhamentos

Me permitam, por favor, um momento de estranheza deste mundo.




De repente não era mais uma fila.
Eram várias pessoas paradas em pé em plena 6:30 da matina,
crentes de que se estão atrás, também estão na frente;
que se chegam antes, também podem chegar depois.
E se estão paradas, é só porque no outro instante estarão em movimento.
E por causa desse movimento, podem suportar tudo:
calor, frio, sono, sujeira, fumaça, fome, sede...


Uma vez no movimento, certamente se direcionam a um destino.
E desse destino para outro, e outro, e outro,
seja presente ou futuro;
imaginário ou real;
Num ciclo vicioso de idas e vindas.
Num delírio de vida em fluxo.
Numa razão involuntária, inerte.
Vida em continuidade, nunca estável.
Nunca plena.
Inacabável.

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