quarta-feira, 9 de abril de 2014

Cesta de frutas


O bolinho de arroz não poderia simplesmente se juntar à cesta de frutas...





quinta-feira, 13 de março de 2014

Lapso de realidade (ou Olhar atento)


Às vezes me pego olhando algo ou alguém como se fosse a primeira e última vez. Como um lapso no qual eu, no futuro, encarno e desperto no meu corpo presente apenas para vivenciar situações que já se foram.

Passar um milésimo de segundo a mais com aquela pessoa adorada e seu sorriso amável ou seu olhar distraído e inadvertido.

Afagar meu cão e o meu gato mais uma vez, sentir a textura dos pelos e a respiração que faz subir e descer o peito sonolento.

Observar minha mãe se arrumando para o trabalho com mais atenção, sentir o calor do secador de cabelo e o perfume adocicado que se pronuncia nos vapores do banho.

Tocar minhas plantas na varanda, inspirar a brisa úmida da terra recém aguada e interpretar as poucas nuvens que flutuam no céu muito azul.

É inacreditável como sou afortunada. Desejo ardentemente que o momento não se vá, até que ele se torna, por um instante, infinito. Para depois escorregar etéreo como o véu de Maya.

Silêncio. Paz. Gratidão.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Sobre as coisas boas da vida


- Cheiro de terra molhada e de fogão à lenha.
- Dia nublado.
- Chuva que começa a cair, gota à gota, e depois cai toda de uma vez.
- Deitar embaixo das cobertas num dia frio e sentir aquela eletricidade do choque térmico.
- Dançar até perder o fôlego.
- Afundar os pés na areia molhada.
- Rir até doer a barriga.
- Pipoca com Guaraná.
- Morango com chocolate.
- Cheiro de cinema, locadora e livro.
- Conversa que flui e faz rir entre garfadas.
- Pisar em terras estrangeiras.
- Dormir abraçado com alguém.
- Espreguiçar até dar vontade de bocejar.
- Sentir o vento no rosto num passeio de carro pelo campo.
- Rasgar o plástico de coisa nova.
- Levantar a tampa que esconde o teclado do piano.
- Conseguir ler alguma coisa num novo idioma.
- Ficar embaixo de uma cascata de água.
- O arrepio de um bom suco de uva.
- Afagar um gato que ronrona tranquilo no colo.
- Abraçar um cachorro que lambe o seu rosto em resposta.
- Se deixar levar por uma boa música até que tudo ao redor desapareça.
- A sensação de amortecimento e assombro logo após o término de um bom livro.
- Um abraço longo e sincero.
- Sorvete de chocolate e Coca-Cola.
- Aquela soneca que resolve todos os problemas.
- Ganhar e dar flores de presente.
- Espantar os demônios no chuveiro.
- Brigadeiro com pão de queijo.
- Relaxar numa banheira repleta de espuma.
- Rede que balança.
- Lábios que se encontram macios.
- Compartilhar as músicas favoritas.
- Frequentar os amigos.
- Festa de aniversário.
- Um prato de comida que faz salivar só de pensar.
- Ver as ruas enfeitadas para o Natal.
- Fazer planos para o final de semana.
- Não fazer planos para o final de semana.
- Perder o equilíbrio diante de um céu repleto de estrelas.
- Boiar na água.
- Balançar bem alto num balanço.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Japonês



Estudar japonês exige, antes de tudo, coragem para encarar as letras.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Infinito particular



Não espero mais de ninguém o interesse pelo meu lado mais secreto e também mais belo.

Por mais que às vezes eu insista em compartilhar um pouco deste universo mágico, existem pessoas que preferem continuar encarando o próprio nariz e pronto.

E quando isso acontece só significa uma coisa: que a pessoa não merece este contato, este pequeno compartilhamento de alma.

O infinito é mesmo particular. 

Aberto apenas aos bons observadores.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Sobre viver sem culpa

Numa rajada de compreensão, um peso abandonou meu corpo e cedeu a uma justiça leve.

Talvez eu esteja sendo muito dura comigo mesma. Tenho duvidado constantemente até das minhas intenções, julgando, logo de início, que não são boas. Me declarando culpada sem chance de recorrer.

Mas, por um momento, compreendi suspirando aliviada que algumas coisas são o que são, numa espécie de neutralidade pragmática. Fiz o que fiz, porque precisava fazer. Sem juízo de valores.

Assim como é impossível eu ser a santa que às vezes penso ser, é impossível eu ser essa bruxa implacável que eu ando me retratando. Nem tanto no céu, nem tanto na terra.

E então eu procuro me liberar desse peso pouco a pouco, nas pequenas decisões cotidianas. Como eu já concluí antes: eu não preciso pedir licença para existir. Eu tenho direito a existir. E tenho direito a uma existência livre de culpas.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Seja melhor


Oh, I get it, now.

Pessoas que não fazem nada relevante e nem possuem nada de bom para falar são aquelas que sempre procuram criticar e corrigir os outros, não importa a ocasião. É assim que funciona.

Eu conheço gente assim. Você, se tiver o mesmo azar que eu, também conhece. O remédio para isso? Talvez seja evitar ao máximo a convivência. Sim, isso deve funcionar...

Mas tem outra coisa. Gente assim me inspira a ser diferente, me inspira a ser melhor, a produzir mais...

Porque o mundo não precisa de mais gente mané que não consegue deixar de reparar na manchinha minúscula e imperceptível da ponta do seu sapato. Ou que não consegue ignorar o mais simples erro de português da sua frase e, imediatamente, corrige. Você REALMENTE não quer ser este tipo de pessoa, né?

Né?

Então não seja este tipo de pessoa, combinado? Seja melhor. Seja aquela que você gostaria de passar o tempo junto. Aquela que você sentiria saudade e compraria presente fora de hora. Aquela que você consegue abraçar com sinceridade e sem constrangimento. Conseguiu mentalizar aí? Ótimo.

Agradeço.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sobre o meu direito de odiar o verão e falar abertamente sobre isso


Às pessoas que gostam de verão e não permitem que eu não goste e manifeste isso, eu dedico todas as baratas que apareceram na minha varanda e no meu banheiro.

Eu dedico todos os pernilongos que se banquetearam com o meu sangue.

Eu dedico todas as minhas noites insones.

E todos os meus dias improdutivos.

A todos aqueles que gostam de verão e não conseguem assimilar alguém que não goste, eu dedico todos os dias nos quais eu morri cozida no transporte público.

Todas as vezes em que a minha pressão abaixou.

Todas as vezes em que fiquei tonta.

E todas as vezes em que fiquei desidratada e doente.

A todos esses estranhos seres adoradores do sol, eu dedico todas as cantadas nojentas que já ouvi na rua por usar "uma roupa mais curta".

Dedico todas as contas de água gasta para lavar quilos e quilos de lençóis, fronhas e trajes suados.

Dedico todas as minhas plantas mortas.

E toda a dor da pele castigada pelo sol, apesar do protetor solar.

Ofereço a todos essas pessoas perturbadas, que tem a audácia de reclamar do inverno, toda a angústia dos meus amigos caninos e felinos com seus casacos de pelos permanentes.

Toda a comida que rapidamente estragou.

Todo o fedor das pessoas que transpiram irremediavelmente.

E todos os aparelhos eletrônicos pifados.

A vocês, um abraço bem grudento, bem molhado e bem demorado.

Porque verão só é bom dentro de uma piscina ou dentro do mar. No máximo no ar condicionado de alguma loja. E só!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Sede de viver


Estava tão sedenta de vida que bebi pelas minhas mãos e respirei pelos meus poros.

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