sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sobre a perda II


A morte repentina e violenta de pessoas jovens, queridas e especiais é irremediavelmente atordoante. É como uma queda vertiginosa em si mesmo, com um baque seco e brusco na realidade. Descrença contínua. Rotina surrealista.

Mas me relembra, mesmo que através da dor, a amar mais, a respirar mais, a sentir mais, a frequentar mais as pessoas queridas e a não desperdiçar um dia sequer com raiva, com rancor, com angústia, com tédio.

E hoje talvez eu não derrame mais lágrimas por quem se foi, mas abrace quem permanece com muito mais força, doe com muito mais vontade, sorria com mais frequência e celebre mais a vida.



sábado, 2 de julho de 2011

Assimilando um passado




Devo estar numa fase de aceitação ou retrocesso. Insisto em afirmar um passado como se tentasse incluí-lo em sentido e importância no presente, algo atípico de minha pessoa. Relembro de meus tempos de infância e tento agarrá-los, sabendo que já se foram. Contemplo tradições unilaterais da comunidade na qual estava inserida a minha família, como se fossem minhas. Até mesmo volto a adotar velhos hábitos e gostos pessoais. E pior: informo as pessoas ao meu redor sobre este lado da minha história. Me pergunto qual é a relevância disso. Por que quero que mais pessoas tenham essas informações sobre o meu passado?

Não consigo definir ainda se esta fase é uma etapa para eu finalmente seguir em frente e amadurecer ou se é um momento no qual admito o quanto certos aspectos da minha vida irão sempre me acompanhar querendo ou não, como se Paula não pudesse ser desvinculada de judaísmo, mesmo sendo indiferente a crenças; de audiovisual, mesmo querendo mudar de área e de animê, mesmo não acompanhando mais. E também de alegre, mesmo sorrindo com dificuldade e de espontânea, mesmo sendo travada, quando tento relacionar minha figura de hoje com quem fui quando criança.

Isso tudo deve ter um pouco a ver com rótulos pelos quais queremos ser associados ou não. Deve ser também uma necessidade de se afirmar em alguma coisa. Ou uma necessidade de ser aceita em plenitude, através do conhecimento maior dos outros a meu respeito. Uma preocupação com a própria imagem, por não saber exatamente ao que ligam meu nome. E, na verdade, isso me inquieta. Não sei ainda, justamente, ao que quero ser ligada. Não sei qual é o sentido que quero dar à minha vida.

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