sábado, 20 de outubro de 2012

O Tamanho das Pessoas


Uma pessoa é enorme para ti, quando fala do que leu e viveu, quando te trata com carinho e respeito, quando te olha nos olhos e sorri .

É pequena para ti quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, o respeito, o zelo e até mesmo o amor.

Uma pessoa é gigante para ti quando se interessa pela tua vida, quando procura alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto contigo. E pequena quando se desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos da moda.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma. 

O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... É a sua sensibilidade, sem tamanho.

(Martha Medeiros)

O viajante mais ingênuo do mundo


Eu li este conto no mangá Fruits Basket, se eu não me engano é o de número 3. Na versão animê, é o episódio 11. 

Espero que gostem!





Um ingênuo viajante estava em uma jornada. Ele era tão ingênuo que era facilmente enganado por todos que ele encontrava...


Todo o lugar que ele ia, as pessoas inventavam todo o tipo de histórias tristes e o viajante acreditava em cada uma delas.


"Por favor, me dê algum dinheiro para eu comprar remédio..."
"Minha irmãzinha está doente..."
"Eu não tenho dinheiro para comprar sementes para a minha plantação..."

Em pouco tempo, seu dinheiro, suas roupas e seus sapatos foram levados dele.


Entretanto, como ele era ingênuo, mesmo quando as pessoas agradeciam a ele com mentiras, ele acreditava e continuava dizendo: 

"Seja feliz! Seja feliz!"


Porém, o viajante acabou sem roupas e ficou muito envergonhado. Então ele resolveu viajar pela densa floresta, onde ninguém poderia vê-lo.


Logo ele encontrou com os monstros que viviam lá. Eles queriam comer o corpo do viajante, então começaram a enganá-lo com mentiras.


É claro que o viajante acreditou. E deu para eles suas pernas e braços, um por um. E tudo o que lhe restou foi sua cabeça. 

Então ele deu seus olhos para o último monstro.


Depois de comer os olhos do viajante, o monstro disse: 

"Obrigado! Como agradecimento lhe darei um presente." e deixou ali.


Mas era apenas um pedaço de papel escrito "ingênuo". 

Mesmo assim, o viajante começou a chorar.

"Obrigado! Obrigado! Ninguém nunca havia me dado um presente antes! Estou tão feliz! Estou tão feliz! Obrigado! Obrigado!", ele disse.



E começou a derramar lágrimas por onde estavam os seus olhos. 

Então o viajante morreu logo depois. 



E este é o final da história....

Todos os meus colegas chamaram o viajante de bobo. Mas eu fechei os olhos e comecei a pensar.

Imaginei o viajante enganado e deixado apenas com a sua cabeça, chorando enquanto dizia: "Obrigado!".

Então pensei comigo mesmo... "Ah! Como ele era amável..."

Perda ou sofrimento... Não adianta se preocupar com isso. O viajante não se preocupava com isso. Mesmo se fosse algo considerado tolo pelos outros, eu não acho que ele era ingênuo.

Mesmo que exista alguém que seja facilmente enganado pelos outros, eu não tentaria enganá-lo. Eu só gostaria de fazer os outros felizes...

E vocês? Vocês ainda acham que ele foi ingênuo? Fechando os olhos, o que vocês acham?



Na minha opinião, é fácil ser cruel. É fácil criticar, sem tentar ver nada de positivo antes. É fácil falar exatamente o que vem na telha, sem pensar antes. É fácil desconfiar dos outros. É fácil desistir. É fácil ver apenas pelo seu ponto de vista. É fácil pensar só no próprio bem estar. É fácil se irritar, armar barraco, guardar rancor, ameaçar. Tudo isso o ser-humano faz com  muita facilidade.

Mas quem disse que o que é fácil é melhor?

É difícil sim transcender o ego. É difícil tentar compreender o outro. É difícil pedir perdão. É difícil perdoar. É difícil não se irritar quando lhe fazem algum mal. É difícil confiar nos outros sem reservas. É difícil estender a mão para quem te apunhalou as costas uma, duas, três vezes. É difícil se doar o tempo inteiro sem querer absolutamente nada em troca. É difícil amar a todos sem distinção e incondicionalmente.

Nada disso é simples. Estamos acostumados a responder uma ofensa com outra ofensa, a defender o nosso território, a sermos astutos e não abrirmos mão das nossas razões inquestionáveis, dos nossos bens, do nosso tempo, do nosso orgulho, a viver construindo muros ao invés de portas.

Mas você sabe de uma coisa? Eu quero iluminar ao invés de apagar a luz que existe em cada um. Eu quero que o mundo aprenda a amar, a confiar, a agregar, a ajudar, a compreender, a perdoar, a sorrir.

E eu acho que prefiro morrer sabendo que me esforcei por um mundo melhor do que conformada com o mal que pode existir ao redor.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Imaginação


O pior é ficar tentando adivinhar aonde foi o erro, é ficar procurando as falhas, revendo todas as situações, cena a cena. "Foi aqui que ele parou de sorrir daquele jeito para mim?"... "Foi aqui que ele parou de me ouvir?"... "Foi aqui que paramos de brincar?"... "Foi aqui que ele parou de me amar?"...

O pior é tentar entender quando e como o perdi. Inventar que ele já não amava a muito tempo, que já gosta de outra pessoa, que ele queria se livrar de mim, por um milhão de motivos que só eu sou capaz de imaginar:

Eu falo demais.
Eu sou chata.
Eu sou irritante.
Eu só reclamo.
Eu não tenho tempo.
Eu sou uma bruxa.
Eu não dou atenção.
Eu não sou sexy.
Eu sou mandona.
Eu sou anti-social.
...

O pior é que fico preocupada elaborando teses e conspirações enquanto estou tão ali no canto largada, maltratada.

Eu mereço cuidar de mim mesma.

Eu mereço me amar.

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