quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Felicidade oca


Tenho em mãos uma carta de motorista e uma felicidade oca.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Signos


Fico eternamente intrigada quando converso sobre astrologia com outras pessoas. Acho interessantíssimo, porque tenho a sensação insuportável de que, apenas por conhecer os signos de uma pessoa, de repente a desvendo e justifico.

E não demoro para começar a observar outras pessoas e tentar adivinhar não apenas seu signo, mas seu ascendente, sua lua, etc. "Tal pessoa DEVE ter alguma coisa de gêmeos para abstrair assim desta forma.".

Sei lá, é engraçado.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O que o dinheiro traz



O dinheiro pode não comprar amor ou felicidade, mas torna a falta de ambos mais confortável, com certeza. Como ouvi certa vez de um amigo: você prefere chorar numa Ferrari ou num Chevette?
Me ocorreu isso antes de adormecer. De repente percebi que se chorava, ao menos era deitada numa cama quente e confortável, e não deitada na crueza dura e fria de uma calçada. Fechei os olhos dando trégua ao meu lamento, que era agora um pouco mais conformado.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Crescidos ao redor



A vida é inevitável. Acho que li isso em Clarice, mas não sei se fora do contexto faz tanto sentido quanto ela quis passar. O que estou querendo dizer, mesmo, é que a vida é inevitável e tão inevitável é também crescer.

Num dia desses, andando de ônibus, senti outro aspecto do crescimento. Pensava sobre os meus amigos e conhecidos, e sobre como, aos poucos, todos começam a procurar casas para alugar, a arranjar empregos, a noivar e a ter filhos. E sobre como eu, no alto dos meus 20 anos, começo a reparar em tudo isso, e já sinto, inclusive, a dor de ver um deles partir para sempre.

Entendi que estou jogada no mundo sem rede de proteção.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ser necessário


Gostaria de comunicar que se escrevo sobre isso agora, é porque tive pequenos vislumbres de uma realidade até então inédita para mim. Percebi, não sem espanto, que às vezes sou necessária para outras pessoas. Não num sentido profissional, cuja relação talvez seja mais a de necessidade sua pelo emprego oferecido, do que  a necessidade do outro por suas habilidades. 

Me refiro mais à uma necessidade através da qual o amadurecimento é anunciado. De repente, você se torna irremediavelmente responsável e as pessoas ao seu redor precisam de você, esperam de você, confiam em você. É inaugurada a possibilidade real de ser útil e aqueles heróis infalíveis aos poucos se permitem serem vistos também como humanos, com dificuldades, incertezas e fraquezas. Revelam a beleza cúmplice de ser falho e a delicada e silenciosa nobreza que envolve se tornar necessário para outras pessoas. É bonito.


Mas é uma importância opcional. Não é, ainda, um dever.

Raise your glass if you are wrong



É difícil citar todos os momentos nos quais o mundo me fez sentir errada em relação a ele, porque é um equívoco que já ultrapassou o cotidiano, é quase frenético. A todo instante eu estou errada: errada por não ser uma modelo loira de 1,80m, errada por não ser rica, por não ter escolhido me formar em engenharia na faculdade, errada por ter trancado a faculdade, errada por andar a pé, por andar de ônibus, errada por me vestir assim, e não assado, errada por não usar maquiagem nem salto, errada por não ter um Iphone, um Playstation 3 ou um Ipad, errada por gostar de música pop, errada por sorrir, errada por sonhar.


Teve uma época na qual eu me sentia o erro em pessoa. Para as outras pessoas, especialistas nesses assuntos, meus dentes não eram corretos, minha postura não era correta, minha respiração tampouco, meu caminhar era torto, minha alimentação estava errada, até a minha língua estava no lugar errado! O que eu fiz? Tentei me moldar um pouco mais.


Eu não tenho nada contra mudar hábitos se eles, de fato, não são benéficos. Eu tento deixar minha coluna e a minha alimentação em ordem o máximo possível, até mesmo estou aprendendo a cozinhar, um avanço e tanto. Meus dentes já foram alinhados por um aparelho (até se desalinharem depois de retirá-lo), me esforço para manter a respiração profunda, completa e precisa, porque esses detalhes são importantes para a minha qualidade de vida.


Agora o que me tirou do sério mesmo, foi a minha necessidade de me adaptar a hábitos, agora sim, equivocados, apenas para me sentir mais inserida num grupo. Até o ginásio, eu não falava palavrão, não sentava torta na carteira, sequer cruzava as pernas. Foi tudo um processo gradativo e ligeiramente doloroso, até, porque eu via meus colegas de sala jogados nas carteiras e achava que isso era ser "cool", ouvia eles xingando, e achava que isso era ter atitude, via as meninas cruzando as pernas e achava que isso era ser elegante. Então cresço e fico sabendo que a coluna deve permanecer ereta, que xingar é grosseiro e que cruzar as pernas pode dar varizes e aumentar a celulite. E aí era.


A sorte, percebo hoje, é eu ter cedido em alguns aspectos, mas, apesar disso, ter mantido outros. Eu nunca coloquei um cigarro na boca, nem usei nenhum tipo de droga. Me tornei vegetariana logo quando me pareceu oportuno e não sou escrava da moda nem do consumo, desta necessidade obsessiva de ter sempre a novidade do momento. 

Me incomoda muito pouco a aparência do meu corpo, na verdade. Você pode já ter me ouvido reclamar a respeito, mas eu consigo me observar no espelho e me melindrar com um ou dois pequenos detalhes, enquanto pessoas conseguiriam citar o corpo inteiro, caso fizessem uma lista de coisas desagradáveis em si mesmas.

O lado bom é eu ter aprendido a não me abalar tanto pelas críticas ou observações alheias no que diz respeito apenas a mim e mais ninguém, a não seguir padrões ditados pela sociedade apenas para tentar fazer parte dela. A vida é minha, é curta e passa rápido, se a sua crítica não me ajuda a evoluir, sinto muito, descarto mesmo.

Mesmo ainda equivocada para o mundo em muitos aspectos, o importante é eu não estar equivocada, principalmente, para mim.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dicas da madrugada

É engraçado como, numa busca por algo, acabamos encontrando muitas outras coisas interessantes no caminho. Eu e o meu amor estamos aqui procurando modelos de óculos aproximados com os que ele tanto almeja, e nisso ele encontrou dois sites muito bacanas!

Um é o http://musicovery.com/ , site no qual é possível conhecer muitas músicas e bandas interessantes, de acordo com o seu humor! Vale a pena conferir!

Outro é o http://www.gaveagaragesale.com.br/ , site que vende móveis bastante estilosos e de bom gosto.

Aproveite!

domingo, 14 de agosto de 2011

Porque às vezes deixo mal explicado






Porque às vezes deixo mal explicado, e quando passa o momento de me explicar, continuo, mentalmente, debatendo com um interlocutor imaginário. E como desta vez eu cansei do debate, quero me esclarecer. E espero saber explicar melhor agora, mesmo sendo o tema muito abrangente e relativo.

"É amizade até que se prove o contrário".

Não sei como poderia ser diferente. Ninguém do sexo oposto é para mim pretendente. O que pode ser um flerte para o outro, para mim é demonstração de carinho. Sempre. Até um beijo, classificado como uma "ficada" pela maioria, para mim, se não é seguido por algum tipo de declaração clara de amor, é apenas um carinho entre amigos, não modifica nada (entretanto, na realidade, este tipo de demonstração de afeto não é permitida dentro do meu relacionamento com Rafael, até aonde eu sei... Por isso demonstro afeto pelos meus amigos de formas mais "tradicionais"). 


Logo, a palavra "ficante" não existe no meu vocabulário. Primeiro porque, em geral, é relacionado com o contato íntimo entre pessoas estranhas. Agora me responda: qual é o sentido de ter um contato ÍNTIMO entre ESTRANHOS? E qual é o sentido de frequentar uma pessoa apenas por isso, mantendo a intimidade física, mas sem o interesse de conhecê-la realmente? Certo, pode fazer muito sentido para várias pessoas, inseridas em circunstâncias distintas das minhas, mas para mim não. Antes uma masturbação do que um sexo sem amor, se me permitem o termo ou o assunto. Eu não saberia dizer, de fato, mas, talvez, se entre amigos ocorre contatos físicos mais íntimos, apenas porque isso é natural para eles, não representa problema algum, desde que não cause nenhum mal ou confusão para ninguém.


Para mim, só se apaixonada quem quer. Quem faz questão de alimentar este sentimento, sabendo ou não da possibilidade da outra pessoa sentir o mesmo. E eu só me permito apaixonar, portanto, se o outro demonstra antes sentir o mesmo. Se me sinto realmente segura para tanto, porque não desejo sofrer desiludida ou rejeitada. Muito racional ou muito idiota da minha parte não querer sofrer de amores não correspondidos? Não sei. Só sei que, até então, funciona muito bem assim. 

Acontece que eu preciso ouvir da própria pessoa para reconhecer a existência de um sentimento mais amplo. Mesmo se talvez, em algum momento, eu tenha sentido o mesmo. Simplificando, não me declaro nunca, porque costumo acreditar, antes de mais nada, na amizade em potencial. E invisto nisso, na relação de amizade, no companheirismo, no carinho, no querer o bem do próximo, nos passeios. Caso esta espécie de amor comece a evoluir para o que chamamos de paixão, não tomo a iniciativa, espero a manifestação do outro. Isso mesmo: se dependesse de mim, eu teria vivido solteira e "casta" eternamente, mas rodeada de ótimos amigos. ;-)

Se tenho a impressão de estar nutrindo pelo outro algo um pouco maior do que a amizade cotidiana, como uma necessidade de frequentá-lo mais, de sentí-lo mais, de introduzir esta pessoa na minha história de um jeito mais especial, eu não alimento esta necessidade se o outro não expressar o mesmo em palavras. E prossigo com uma boa relação de amizade e carinho, sem dramas, sem sofrimento, muito feliz e satisfeita.

Se, ao contrário, a pessoa me revela este sentimento de "algo a mais", mas eu não compartilho, não alimento nela tal desejo, fazendo com que perceba como vejo nossa amizade e desfazendo, talvez, possíveis interpretações equivocadas, evitando ilusões e tristezas. Caso ambos queiram prosseguir amigos, prosseguimos amigos.

Se tenho um amigo, convivo com ele, converso com ele frequentemente, adquiro maior intimidade, aprecio a sua presença e ele declara compartilhar das mesmas sensações e sugere estreitar os laços de amizade, pois, além disso, nutre por mim uma escala maior de amores, uma necessidade maior de convivência, uma atração física, compatibilidade de idéias, um gostar além, também, das aparências, que supera os defeitos... Se ele me informa sobre esses sentimentos eu acabo concordando, após verificar que sinto o mesmo. E assim ambos alimentam esta relação de amizade com todos esses "a mais" e permanecem unidos, até um momento no qual a convivência se torna difícil e nenhum dos dois conseguem superar tal dificuldade, ou por N outras razões. Por enquanto, permaneço ao lado do meu amor muito feliz e cada vez mais apaixonada e espero continuar desta forma por muito tempo.

Posso estar equivocada, em todos os aspectos ou em alguns, mas é a minha forma de me relacionar com o sexo oposto, fazendo dele SEMPRE meu amigo, não importa se evoluir para algo mais profundo ou não. De uma forma ou de outra, penso que ninguém sai perdendo, porque, de minha parte, mesmo que eu não corresponda à paixão do próximo, mesmo se corresponda, vou me esforçar, sem dúvida, para manter uma boa e sadia amizade.


Me expressei bem?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Vida fugaz



Hoje aquela inquietação me capturou novamente. Aquela vertigem de mundo. Vida arrastada por uma correnteza forte, ímpia e tenaz. Tudo passando borrado pela lateral dos olhos. O tempo, o tempo, o tempo, o tempo que não espera! Como um furacão sugando tudo e arremessando para todas as direções. Abandonando todos os momentos antes degustados, todas as pessoas antes frequentadas, todos os projetos acabados e inacapados, todas as minhas coisas, todos os meus sonhos. Tudo se torna, então, banal. Tudo vira distração. Até os planos mais "sensatos". Ilusões. Ilusão de vida bem vivida. Distração. Distração do quê? Distração da vida. O tempo passando alucinado e você preocupado em lançar um tennis no mercado, em descobrir a maquiagem ideal, em gravar o filme do ano, em assistir um show de rock, pagar as contas do mês, tirar carteira de motorista, pesquisar sobre a reprodução da largatixa do Oeste Norte Americano, comprovar uma tese de doutorado, comprar um computador de última geração, aprender foxtrot, pintar o armário, ser promovido à funcionário sênior, lançar um viral no Youtube, casar, comprar uma casa em Pindamanhangaba, ir ao salão de beleza. Para quê? Para se distrair de alguma coisa importante, não sei direito qual. E então tudo o que você tem de "concreto" na sua vida está aí acumulando poeira no seu armário e só. Vira história. Vira foto no Facebook. Tudo isso porque não sei e não consigo entender qual é o sentido de tudo isso. Até aonde estou sendo arrastada. Por qual razão. O que estou perdendo.

Às vezes eu só gostaria muito que o tempo parasse de correr por um instante, parasse de me envelhecer um pouco a cada dia, de sempre me atrasar para alguma coisa, seja ela qual for, de tornar tudo urgente, parasse um pouco para eu tentar entender o que significa tudo isso,  afinal. E tentar aprender como e porque devo viver a vida. O resto você sabe.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Mais uma na multidão




Normalmente tudo o que uma pessoa constrói na vida é no sentido de tornar-se especial para outra, para um grupo de pessoas ou para a sociedade. Ser aceito, ser notado, sentir-se útil ou apenas, por puro egocentrismo, fazer o mundo girar ao seu redor e pronto. Pessoas que sacrificam a vida por um amor, por um filho, por um emprego, por um trabalho voluntário apenas porque dependem da aceitação alheia para aceitarem a si próprios ou pessoas que se aceitam, mas gostam de ser mais valorizadas, gostam de chamar atenção para si, precisam ser diferentes e únicos.

Faço parte daqueles necessitados de aceitação e, ao mesmo tempo, gosto de me sentir útil tanto para pequenas coisas, como para grandes obras. Não sei dizer, no entanto, se isso, que poderia ser denominado "senso de missão", é um reflexo desta vaidade de quem quer, de alguma forma, se sentir especial. Mas, para ser franca, não ligo. E nem condeno. Porque acho natural da espécie humana, espécie social como tantas outras, cada membro querer se destacar do bando por algum motivo. Ainda mais com a nossa cultura cada vez mais individualista e personalizada, da qual eu poderia discursar e teorizar a respeito até não mais poder.

O que eu gostaria mesmo de dizer agora é sobre um momento no qual me senti muito satisfeita em ser apenas mais uma na multidão, apagada no meio dela, só mais uma pessoa muito pequena diante da vida. Um momento no qual eu quis, realmente, me dissolver na massa. E este momento foi na sexta-feira, quando participei do Kabbalat Shabbat na C.I.P., no qual haveria uma homenagem à Vitor Gurman, um amigo que reconheci - pois, segundo Vinícius de Moraes, "a gente não faz amigos, reconhece-os" - durante a viagem à Israel.

Desnecessário dizer o quanto foi comovente o evento, mas é preciso constatar a enormidade dele, tanto em significado quanto em número. Eu pude abraçar Sr. Jairo Gurman, uma maneira simples que encontrei para comunicá-lo o quanto sinto pela perda de seu filho e o quanto desejo ver amparada a sua dor devastadora, embora saiba, no íntimo, da irremediabilidade da situação e do quão minúsculo meu abraço é diante disso. Contudo, quando vi a sinagoga ser preenchida, pouco a pouco, até sua capacidade máxima, notei a importância de fazer parte disso. 

Pode ser que o abraço individual de cada um não fosse exatamente relevante, mas todos os abraços somados e a presença de cada um naquele momento, formando uma enorme massa de pessoas difícil de distinguir uma da outra, seus precedentes, suas intenções ou suas histórias, na realidade, tornasse todos num poderoso montante. Não importava, de fato, quem era quem ali, mas o que uniu cada um ali, algo superior à individualidade de cada um. Sendo apenas mais uma no meio daquela multidão, imaginei, por um instante: "e se cada um  hoje estivesse com preguiça de vir ou colocasse a frente alguma prioridade, desacreditando na importância que teria no meio de todos, como se, por não ter a oportunidade de ser reconhecido como um indivíduo único e essencial, um ser dissolvido na multidão, fosse indiferente participar. Se todos pensassem assim, a sinagoga estaria vazia e a família do Vitor estaria sozinha!"

Neste dia me senti contente por ser massa, e fiquei feliz por cada um ali presente ter sido massa, porque a multidão, imagino, deve ter uma capacidade maior de amparar a dor.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Destino



Às vezes eu penso que me condeno. Às vezes eu penso que já sou condenada.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mudanças



Era tanta alegria, que virou tristeza. Era tanta tristeza, que virou alegria.

Era tanta, tanta raiva, que virou piada. Era tanta, tanta, piada, que virou raiva.

Era tanta revolta, que virou indiferença. Era tanta indiferença, que virou revolta.

Era tanta mudança que eu estagnei e estagnada como estava, cercando meu coração em trevas, só tive uma saída: mudar.

Mudar para sobreviver a cada instante. E é um ciclo sem fim de vitórias e fracassos, com intensidades variáveis e relativas.

Porque não há vida sem luta.

E eu sinceramente não sei por que vivo. Só sei que luto e lutando sobrevivo sempre mais um pouco a mim mesma.


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