sábado, 13 de agosto de 2016



Ando pensando naqueles tempos em que tudo era mais difícil. Jovens apaixonados em tempos de guerra, ou mesmo em tempos de paz, ficavam meses sem se ver, precisavam se comunicar por cartas e olhe lá. Quão ardentes não eram essas paixões, esses amores impossíveis?
Hoje com tudo ao alcance de um clique, ninguém mais se dá ao trabalho, ninguém valoriza. Vivemos mesmo em tempos de amores líquidos, tudo descartável. E as pessoas têm tempo, hein? Ô se tem...
Tempo de sobra para não ver amigos, não falar com a família, dispensar aquele abraço, postergar aquele beijo... Não aceito isso, não existe futuro, só presente. Não tenho tempo a perder. Sou faminta, não sei ser requentada em banho maria, já entro na panela fervente e viro logo vapor.

Sofri uma queimadura no peito, bem onde já estava doendo. Estava doendo tanto que pegou fogo quando entrou em contato com a manta. Estava doendo tanto que sequer consegui perceber que a dor era externa, não interna, tão imersa estava neste sentimento. O que doía por dentro passou a doer mais e foi para fora. A dor deste coração que não escolhe, apenas ama sem querer e não recebe amor de volta. E dói, se contorce, grita, sangra, agoniza, queima.

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