sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Nós vemos TV demais


Em algumas situações, quando tenho a possibilidade de medir minhas palavras, de rascunhar minhas ações, às vezes me pego quase como se estivesse ensaiando para uma peça.

Quando percebo, minhas afirmações são como um déjà vu, e minha vida ganha narração em off, close up, trilha sonora e luz dura.

De repente, sou um clichê televisivo, e tento decidir qual roteiro eu vou seguir: se aposto numa cena de comédia romântica e arrisco tudo por achar que o mundo é perfeito, ou se assumo logo um drama e largo tudo por achar que nada vale a pena.

Se estou mais Carrie, mais Meredith, ou mais Olivia.... Se devo ser calma e sábia como o Aang, íntegra e corajosa como o Kenshin ou jogar tudo aos ares e explodir como o InuYasha

Se encaro o meu dia como na cena de "Cantando na chuva" ou como na cena de "Moulin Rouge". Se minha vida é um filme da Disney e, não importa o que aconteça, querendo ou não, eu vou ter um príncipe encantado no final da história. Ou se estou eternamente confinada a um filme do Bergman.

Se eu devo agraciar meus ouvintes com uma reflexão verborrágica como um dos personagens do Woody Allen ou se devo agir calada como a Amélie Poulain. Se luto pelo amor e pela justiça como a Sailor Moon ou se justifico a minha luta como num filme do Chan-wook Park.

Ou se eu assumo que tenho um pouco disso tudo, e que um pouco disso tudo tem também um tanto de mim, e compreendo a verdadeira natureza por trás desses retratos: somos humanos e compartilhamos das mesmas dores, mesmas incertezas e mesmas alegrias. Mesmo atrás da telinha.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Enxergar


Hoje estava enxergando tão bem, que, algumas vezes, durante os trajetos de ônibus, me assustei por não saber onde estava.

Ou... 

Será possível que, durante este tempo todo, estava enxergando tão mal assim?

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Estrangeira


Hoje me estranhei em tudo, desentendi meu lar, não me reconheci em nada.


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Brasil


Às vezes eu tenho a impressão de que quando não existe crise, se inventa uma. O Brasil, por não ser ameaçado pelas forças da natureza, nem viver em guerra, criou a própria crise: a corrupção.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sobre o direito de expressão


Você acredita que, por vivermos numa democracia, você tem o direito de fazer o que bem entender. 

Você acredita que, por vivermos num país livre, você tem o direito a expressar qualquer coisa.

Mas eu acho que não é bem assim.

Na minha opinião, as pessoas não tem o direito de expressar ódio contra outras pessoas. As pessoas não tem o direito de comunicar seu ódio contra outros, apenas porque pertencem a diferentes etnias, a diferentes religiões, a diferentes orientações sexuais, a diferente gênero, a diferentes ideais. 

Ninguém tem o direito de promover a intolerância, o preconceito e a guerra, porque quem expressa ódio, só gera ódio. E, por este motivo, acredito que você pode ser quem você quiser, viver como quiser, agir como quiser, falar o que quiser, contanto que não esteja ferindo outras pessoas, direta ou indiretamente.

Viva e deixe viver.

Simples assim.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Feminismo



Às vezes tenho as minhas dúvidas em relação à luta pela igualdade entre homens e mulheres no Brasil. Não tenho muita certeza do que isso significa, afinal. Na realidade, tenho a impressão de que, na condição de "iguais", nós, mulheres, precisamos compartilhar com os homens todos os deveres*, sem antes terem nos concedido todos os direitos.

O patriarcalismo ainda está muito presente nas nossas vidas, e este mesmo sistema:

- ainda permite salários menores a mulheres em mesmos cargos que homens.
- ainda considera top less atentado ao pudor e aconselha, cinicamente, que as mulheres se vistam de forma "apropriada", ao invés de educar seus homens a respeitá-las.
- ainda acredita que mulher solteira é "tia" e mulher que se relaciona livremente é "vagabunda".
- ainda ignora a violência doméstica.
- ainda exige um padrão bastante autoritário de beleza feminina.
- ainda impõe que as mulheres se sentem de pernas bem fechadas, enquanto os homens podem se sentar à vontade, ocupando o dobro do espaço.
- ainda incentiva estereótipos, os quais servem apenas para dividir as pessoas.
- ainda ilude e aliena, ensinando que o casamento é a única opção de relacionamento afetivo.
- ainda considera o corpo feminino mero objeto.
- entre outras tantas afrontas, umas tantas seríssimas, observadas não apenas na cultura brasileira, mas em outros povos ao redor do mundo.

Às vezes acredito que a solução esteja em, antes de qualquer coisa, a humanidade como um todo começar valorizar e reverenciar a mulher, para que alcancemos o mesmo patamar no qual os homens se colocaram brutalmente ao longo da história.



*ainda não foi imposto às mulheres o serviço militar obrigatório no Brasil, mas já ouvi pessoas discursarem a favor disso, como se fosse um passo essencial para a igualdade entre gêneros.

Obs: Felizmente conheço muitos homens que não compartilham da visão patriarcal de mundo, e os amo profundamente.



terça-feira, 6 de novembro de 2012

A arte de rir



 "It takes time to be funny. It takes time to extract joy from life."

A cena acima não está completa, recomendo que a assistam na íntegra. Aliás, recomendo que assistam ao filme todo, logo de uma vez: "Elizabethtown" ou, em português, "Tudo acontece em Elizabethtown". 

Esta cena é, provavelmente, uma das mais emocionantes que já assisti. É profundamente bela, porque retrata a arte de enxergar a alegria na vida, de rir de si, de ser feliz, não importa as circunstâncias.

Vegetarianismo


Não lembro por qual razão comecei a pensar assim, mas lembro que, com uns 13 anos de idade, já admirava secretamente essas pessoas chamadas "vegetarianas". Mesmo sem ter nenhum motivo concreto, achava a ideia de não comer carnes mais correta. De alguma forma, era claro para mim que não se alimentar de animais era melhor, mais nobre, mais lógico.

Quando mudei da minha pequena e fechada escola judaica para uma enorme escola tradicional, a qual tinha em cada série uma média de 200 alunos de diversas origens, crenças e filosofias, conheci quem acabou se tornando a minha amiga mais próxima da época. E ela era vegetariana.

Foi acompanhando a rotina dela, frequentando sua casa, compartilhando sua comida, que pude, de fato, entender como funciona o vegetarianismo, conhecer as opções variadas e saborosas de alimentação, os restaurantes e as ideias. Eu já sabia que não era positivo comer carnes, talvez por causa da criação judaica, através da qual aprendi sobre a comida kasher, sobre se alimentar de animais sem lhes causar dor, mas não sabia o quanto era vasto este sofrimento e não havia notado o quão bárbaro e gratuito é comer outros animais.

Um dia minha amiga me contou que estava em processo de se tornar vegana, ou seja, de se alimentar de comida sem origem animal. Não fiquei exatamente surpresa, mas apostei: "quando você virar vegana, eu viro vegetariana." Acredito que eu, no alto dos meus 15 anos, precisava de um estímulo mais divertido, como uma aposta, para levar a ideia adiante, ou talvez eu só precisasse mesmo de um prazo, determinar para mim mesma quando esta mudança ocorreria. Uma promessa pessoal, um compromisso comigo mesma.

Poucos meses depois ela me trouxe a notícia de que começaria o veganismo. Naquele dia, fiz como quem se via derrotada, por precisar cumprir com uma promessa, mas no fundo estava contente e logo à noite perguntei à minha mãe se poderia virar vegetariana. Ela disse que sim e, de um dia para o outro, parei de comer carnes. Isso foi em 2006 e continuo assim até hoje, mesmo depois da minha amiga ter deixado de ser vegana.

No início do meu vegetarianismo, não lembro de ter sentido dificuldades. Lembro que não haviam muitas opções alimentares nos restaurantes nem nos mercados, mas, refletindo sobre isto agora, imagino que eu devesse enxergar desta maneira, porque não possuía um cardápio muito amplo. Não gostava de nenhum grão, além do arroz, não gostava de legumes, só comia batata se estivesse frita, queijo se estivesse na pizza, e por aí vai. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, minha alimentação, de fato, se tornou muito mais nutritiva e saborosa após ter me tornado vegetariana.

Outro ponto positivo foi ter começado a cozinha por conta própria. Desconsiderando algumas provocações do meu pai e de um ou outro parente, minha irmã e minha mãe até me ajudaram. Minha irmã alugava livros de receitas, minha mãe cozinhava para mim, mas com o tempo senti a necessidade de cozinhar meus próprios pratos, equilibrar a minha própria dieta, temperar como achasse melhor. Até porque a minha mãe, acostumada a cozinhar alimentos com carne por quase 40 anos, não deveria se sentir obrigada a mudar todo o seu modus operandis por minha causa. E assim prossigo, experimentando receitas novas e, às vezes, até agradando o paladar dos que se interessam em experimentar meus pratos.

Eu lembro também da revolta, da necessidade de esclarecer a todos sobre o meu ponto de vista. Tive, então, esta fase meio ativista, de publicar no Orkut imagens agressivas sobre o assunto, divulgar o filme "A carne é fraca", mas logo compreendi que eu mesma havia entendido o vegetarianismo na base do diálogo, da pesquisa, e através do exemplo e da convivência. Este me parece um detalhe importante, pois acredito que talvez não teria entendido coisa alguma se tivesse me sentido criticada, agredida ou sufocada por outra pessoa.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Beleza


Reparando bem naquelas mulheres de capa de revista,   naqueles corpos inacreditavelmente saudáveis, naquelas roupas impecáveis, naqueles cabelos perfeitamente alinhados, naqueles rostos iluminados, quase recém nascidos.
Reparando bem, de repente não acho nada disso belo.

De repente é uma beleza engessada, de boneca bibelô.
Possível apenas na utopia de uma página de revista, morta como elas.

Beleza mesmo é ter a blusa amarrotada e os cabelos aos ventos, sem ligar se chove ou se faz sol. É andar descalça e lixar as unhas sem prestar muita atenção. É receber o mundo sem uma gota de maquiagem no rosto, mas com um enorme sorriso.

A beleza está em quem vive sem medo de viver.

sábado, 20 de outubro de 2012

O Tamanho das Pessoas


Uma pessoa é enorme para ti, quando fala do que leu e viveu, quando te trata com carinho e respeito, quando te olha nos olhos e sorri .

É pequena para ti quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade, o carinho, o respeito, o zelo e até mesmo o amor.

Uma pessoa é gigante para ti quando se interessa pela tua vida, quando procura alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto contigo. E pequena quando se desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.

Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos da moda.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.

Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. O nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.

Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma. 

O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande... É a sua sensibilidade, sem tamanho.

(Martha Medeiros)

O viajante mais ingênuo do mundo


Eu li este conto no mangá Fruits Basket, se eu não me engano é o de número 3. Na versão animê, é o episódio 11. 

Espero que gostem!





Um ingênuo viajante estava em uma jornada. Ele era tão ingênuo que era facilmente enganado por todos que ele encontrava...


Todo o lugar que ele ia, as pessoas inventavam todo o tipo de histórias tristes e o viajante acreditava em cada uma delas.


"Por favor, me dê algum dinheiro para eu comprar remédio..."
"Minha irmãzinha está doente..."
"Eu não tenho dinheiro para comprar sementes para a minha plantação..."

Em pouco tempo, seu dinheiro, suas roupas e seus sapatos foram levados dele.


Entretanto, como ele era ingênuo, mesmo quando as pessoas agradeciam a ele com mentiras, ele acreditava e continuava dizendo: 

"Seja feliz! Seja feliz!"


Porém, o viajante acabou sem roupas e ficou muito envergonhado. Então ele resolveu viajar pela densa floresta, onde ninguém poderia vê-lo.


Logo ele encontrou com os monstros que viviam lá. Eles queriam comer o corpo do viajante, então começaram a enganá-lo com mentiras.


É claro que o viajante acreditou. E deu para eles suas pernas e braços, um por um. E tudo o que lhe restou foi sua cabeça. 

Então ele deu seus olhos para o último monstro.


Depois de comer os olhos do viajante, o monstro disse: 

"Obrigado! Como agradecimento lhe darei um presente." e deixou ali.


Mas era apenas um pedaço de papel escrito "ingênuo". 

Mesmo assim, o viajante começou a chorar.

"Obrigado! Obrigado! Ninguém nunca havia me dado um presente antes! Estou tão feliz! Estou tão feliz! Obrigado! Obrigado!", ele disse.



E começou a derramar lágrimas por onde estavam os seus olhos. 

Então o viajante morreu logo depois. 



E este é o final da história....

Todos os meus colegas chamaram o viajante de bobo. Mas eu fechei os olhos e comecei a pensar.

Imaginei o viajante enganado e deixado apenas com a sua cabeça, chorando enquanto dizia: "Obrigado!".

Então pensei comigo mesmo... "Ah! Como ele era amável..."

Perda ou sofrimento... Não adianta se preocupar com isso. O viajante não se preocupava com isso. Mesmo se fosse algo considerado tolo pelos outros, eu não acho que ele era ingênuo.

Mesmo que exista alguém que seja facilmente enganado pelos outros, eu não tentaria enganá-lo. Eu só gostaria de fazer os outros felizes...

E vocês? Vocês ainda acham que ele foi ingênuo? Fechando os olhos, o que vocês acham?



Na minha opinião, é fácil ser cruel. É fácil criticar, sem tentar ver nada de positivo antes. É fácil falar exatamente o que vem na telha, sem pensar antes. É fácil desconfiar dos outros. É fácil desistir. É fácil ver apenas pelo seu ponto de vista. É fácil pensar só no próprio bem estar. É fácil se irritar, armar barraco, guardar rancor, ameaçar. Tudo isso o ser-humano faz com  muita facilidade.

Mas quem disse que o que é fácil é melhor?

É difícil sim transcender o ego. É difícil tentar compreender o outro. É difícil pedir perdão. É difícil perdoar. É difícil não se irritar quando lhe fazem algum mal. É difícil confiar nos outros sem reservas. É difícil estender a mão para quem te apunhalou as costas uma, duas, três vezes. É difícil se doar o tempo inteiro sem querer absolutamente nada em troca. É difícil amar a todos sem distinção e incondicionalmente.

Nada disso é simples. Estamos acostumados a responder uma ofensa com outra ofensa, a defender o nosso território, a sermos astutos e não abrirmos mão das nossas razões inquestionáveis, dos nossos bens, do nosso tempo, do nosso orgulho, a viver construindo muros ao invés de portas.

Mas você sabe de uma coisa? Eu quero iluminar ao invés de apagar a luz que existe em cada um. Eu quero que o mundo aprenda a amar, a confiar, a agregar, a ajudar, a compreender, a perdoar, a sorrir.

E eu acho que prefiro morrer sabendo que me esforcei por um mundo melhor do que conformada com o mal que pode existir ao redor.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Imaginação


O pior é ficar tentando adivinhar aonde foi o erro, é ficar procurando as falhas, revendo todas as situações, cena a cena. "Foi aqui que ele parou de sorrir daquele jeito para mim?"... "Foi aqui que ele parou de me ouvir?"... "Foi aqui que paramos de brincar?"... "Foi aqui que ele parou de me amar?"...

O pior é tentar entender quando e como o perdi. Inventar que ele já não amava a muito tempo, que já gosta de outra pessoa, que ele queria se livrar de mim, por um milhão de motivos que só eu sou capaz de imaginar:

Eu falo demais.
Eu sou chata.
Eu sou irritante.
Eu só reclamo.
Eu não tenho tempo.
Eu sou uma bruxa.
Eu não dou atenção.
Eu não sou sexy.
Eu sou mandona.
Eu sou anti-social.
...

O pior é que fico preocupada elaborando teses e conspirações enquanto estou tão ali no canto largada, maltratada.

Eu mereço cuidar de mim mesma.

Eu mereço me amar.

sábado, 29 de setembro de 2012

Dança dos véus




Numa imensidão de véus brancos, minhas mãos tateiam sem ver. 


Como se procurassem algo, 
véus e mãos se esbarram e se afastam com leveza… 


Numa imensidão de véus brancos, que sussurram o silêncio, a pausa


Uma criança busca abraços fraternos que se perderam...


As mãos vão erguidas à frente do corpo...

Sempre procurando...

Procurando...


Mas não há nada exceto o toque macio dos véus.


Véus se deixam levar pela brisa...

Vão 
voltam

Feito alento de alguém amado


Uma mão alcança um véu...

Resolve acaricia-lo...

É vaga...

Quase o atravessa...


Um véu beija o rosto...

Logo se vai...

Outro abraça o calcanhar...

Logo se vai...


Numa imensidão de véus brancos, eles são nuvens e eu sou pássaro...

Pairando...

Sozinha...

Encontro com uma nuvem que se dissolve...



Numa imensidão de véus brancos, eu danço e eles, sem querer, dançam comigo.

Quando eles vão
eu vou com eles...

Quando eles voltam 
rodopio para trás...


Valsa com ondas de seda...

Lençóis límpidos pendurados no varal 
num dia fresco de outono...


Uma mão afasta um véu,
para depois tentar retê-lo frente ao rosto...

Sentir seu perfume...

Do que é?

Segurá-lo próximo ao coração...

Para depois deixá-lo partir...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Rumos e tendências





Para mudar certos condicionamentos comportamentais, precisamos insistir na outra direção. Se o meu condicionamento é me deixar abater em certas situações, vou puxar o meu barquinho numa direção de contentamento, paz, felicidade, e evitar o caminho da tristeza. Tal como uma amiga muito amada me exemplificou:

Quando insistimos muito num certo hábito, é como se alargassemos um rio, de modo que, para modificar este hábito, devemos abrir um novo percurso para as águas do rio e construir uma barragem no que desejamos abandonar. 
No começo, o novo percurso será fino, então precisamos impedir a passagem de água no antigo. Pouco a pouco, colocar pedras num rio para que as águas se direcionem para o outro. Em alguns momentos, o rio antigo será mais forte que a barragem e derrubará as pedras, mas devemos, calmamente, reconstruir, pedra por pedra, até que este rio esteja bloqueado e toda a água flua para o novo.

Precisamos alimentar apenas os pensamentos e sentimentos que nos ajudarão a evoluir e bloquear os que nos farão regredir ou estagnar.

A solidão e as redes sociais



O Ministério da Saúde adverte: olhar a sua página da rede social e o seu e-mail, de cinco em cinco minutos, além de ser uma atitude claramente obsessiva, aumenta a sensação de solidão e abandono.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tanto amor...




... e ninguém para amar. (?)


As coisas



Eu tenho coisas

O que eu às vezes não sei é que você também tem coisas. 

E o que às vezes não sabemos é que todo mundo tem coisas.

As coisas... Aquelas que passaram mas ficaram.

Se me incomodam, se eu penso nelas, você também deve se incomodar e pensar nelas. Digo, nas suas coisas.

E quando as minhas coisas me estancam ao canto, e quando me atropelam as palavras... 

Não passa pela cabeça que no outro coisas também estancam, também atropelam.

Coisas são ocultas, ninguém te contou delas, mas elas existem nos olhos de cada um.

Neste mundo de tantas coisas, as minhas são suas, as suas são minhas, as nossas são de todos.

As coisas...

Melhor mesmo é desencontrá-las e ir além. Notar que no fundo dos olhos de cada um não existem barreiras, nada te separa do outro.

Nem as coisas.


domingo, 16 de setembro de 2012


Quem sou eu? O que sobrou de mim? Não leva de mim, não, essa parte que só existe com você...

Para que existo? O que serei? "O que seria de mim sem você?"


Que mundo... Que estranho... Que impossível...

É natural, é triste...

Quem cuida da gente enquanto não estamos vendo?

Existe eterna proteção? Existe eterno amor?


Tem alguém para segurar as minhas mãos e amparar este silêncio? Tem alguém, ou sou só eu? Ou sou só eu, diminuída, muito assustada...

Está perigoso lá fora.

Eu não estou eu lá na frente. Eu não estou em parte alguma.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Efêmero




Foi um dia muito bonito em sua neutralidade serena. A  efemeridade das coisas encanta ainda mais do que assusta.

A vida é leve, paira no ar. O tempo passa sem medo, o tempo já passou, e continua lindo. Nada dói.

Existe apenas a simples constatação de que o que passou, foi belo, e o que virá, será belo. O presente é fluida beleza.

domingo, 2 de setembro de 2012



Não há música, não há citação, nada.

Nenhuma palavra, nenhuma imagem, nenhuma mudança.

Nem o vazio.

Só o silêncio.

domingo, 26 de agosto de 2012

A árvore de Jasmim e a minha avó



Fomos ontem ao sítio de um amigo do meu pai comemorar o aniversário de um ano do filho dele. Um dia lindo, de céu   aberto bem azul, como têm feito durante todos esses dias de inverno. Ao nosso redor, rodinhas de amigos conversavam animadas sobre a vida e a sociedade - nada mais apropriado vindo de professores descontraídos num sábado à tarde. -

Estávamos eu, minha mãe e meu pai tranquilamente observando o lugar. Num momento de distraída reflexão, meu pai comenta que, nesta última quinta-feira, dia 23 de Agosto, sua mãe faria 90 anos se estivesse viva.

"Seria muito legal ter uma vovó fazendo 90 anos agora, né?"

"É, ela era muito boazinha."

Lembrei, de repente, que meu pai havia comentado outro dia que sua mãe tinha, também, uma árvore de Jasmim.

No dia de seu aniversário fui presenteada com um pouco que era dela e também é meu.




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