Percebam o quão grande é a minha gratidão. Que eu, de medo, de medo, de medo, emudeci, e não consegui colocar em palavras faladas tudo o que eu sentia. Acontece que nem agora talvez consiga, já que na verdade à vocês eu dedico a minha presença. Fiquei num misto de culpa e raiva quando não colaborei com a retribuição, como se disso tivesse dependido o meu caráter. Mas depois entendi que na verdade esses sentimentos foram gerados por um medo de não fazer o suficiente. Após um tempo, compreendi, ao meu modo, esses anseios, e concluí que sentia medo por vocês talvez não reconhecerem a minha maneira de presenteá-los e retribuir todo um trabalho bem feito e uma amizade: com aqueles 50 reais eu coloco no meu bilhete único e consigo me locomover. Se me locomovo, consigo ser presente. Se consigo ser presente, na companhia de vocês me aprimoro. Desta forma, sou mais apta à contribuir, pois posso, ao menos, ser um bom exemplo.
Pensava aflita nisso tudo quando meus olhos marejaram, sabendo que quem carrega uma flor não deveria ter uma lágrima silenciosa escorrendo pelo rosto.
