sábado, 29 de setembro de 2012

Dança dos véus




Numa imensidão de véus brancos, minhas mãos tateiam sem ver. 


Como se procurassem algo, 
véus e mãos se esbarram e se afastam com leveza… 


Numa imensidão de véus brancos, que sussurram o silêncio, a pausa


Uma criança busca abraços fraternos que se perderam...


As mãos vão erguidas à frente do corpo...

Sempre procurando...

Procurando...


Mas não há nada exceto o toque macio dos véus.


Véus se deixam levar pela brisa...

Vão 
voltam

Feito alento de alguém amado


Uma mão alcança um véu...

Resolve acaricia-lo...

É vaga...

Quase o atravessa...


Um véu beija o rosto...

Logo se vai...

Outro abraça o calcanhar...

Logo se vai...


Numa imensidão de véus brancos, eles são nuvens e eu sou pássaro...

Pairando...

Sozinha...

Encontro com uma nuvem que se dissolve...



Numa imensidão de véus brancos, eu danço e eles, sem querer, dançam comigo.

Quando eles vão
eu vou com eles...

Quando eles voltam 
rodopio para trás...


Valsa com ondas de seda...

Lençóis límpidos pendurados no varal 
num dia fresco de outono...


Uma mão afasta um véu,
para depois tentar retê-lo frente ao rosto...

Sentir seu perfume...

Do que é?

Segurá-lo próximo ao coração...

Para depois deixá-lo partir...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Rumos e tendências





Para mudar certos condicionamentos comportamentais, precisamos insistir na outra direção. Se o meu condicionamento é me deixar abater em certas situações, vou puxar o meu barquinho numa direção de contentamento, paz, felicidade, e evitar o caminho da tristeza. Tal como uma amiga muito amada me exemplificou:

Quando insistimos muito num certo hábito, é como se alargassemos um rio, de modo que, para modificar este hábito, devemos abrir um novo percurso para as águas do rio e construir uma barragem no que desejamos abandonar. 
No começo, o novo percurso será fino, então precisamos impedir a passagem de água no antigo. Pouco a pouco, colocar pedras num rio para que as águas se direcionem para o outro. Em alguns momentos, o rio antigo será mais forte que a barragem e derrubará as pedras, mas devemos, calmamente, reconstruir, pedra por pedra, até que este rio esteja bloqueado e toda a água flua para o novo.

Precisamos alimentar apenas os pensamentos e sentimentos que nos ajudarão a evoluir e bloquear os que nos farão regredir ou estagnar.

A solidão e as redes sociais



O Ministério da Saúde adverte: olhar a sua página da rede social e o seu e-mail, de cinco em cinco minutos, além de ser uma atitude claramente obsessiva, aumenta a sensação de solidão e abandono.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tanto amor...




... e ninguém para amar. (?)


As coisas



Eu tenho coisas

O que eu às vezes não sei é que você também tem coisas. 

E o que às vezes não sabemos é que todo mundo tem coisas.

As coisas... Aquelas que passaram mas ficaram.

Se me incomodam, se eu penso nelas, você também deve se incomodar e pensar nelas. Digo, nas suas coisas.

E quando as minhas coisas me estancam ao canto, e quando me atropelam as palavras... 

Não passa pela cabeça que no outro coisas também estancam, também atropelam.

Coisas são ocultas, ninguém te contou delas, mas elas existem nos olhos de cada um.

Neste mundo de tantas coisas, as minhas são suas, as suas são minhas, as nossas são de todos.

As coisas...

Melhor mesmo é desencontrá-las e ir além. Notar que no fundo dos olhos de cada um não existem barreiras, nada te separa do outro.

Nem as coisas.


domingo, 16 de setembro de 2012


Quem sou eu? O que sobrou de mim? Não leva de mim, não, essa parte que só existe com você...

Para que existo? O que serei? "O que seria de mim sem você?"


Que mundo... Que estranho... Que impossível...

É natural, é triste...

Quem cuida da gente enquanto não estamos vendo?

Existe eterna proteção? Existe eterno amor?


Tem alguém para segurar as minhas mãos e amparar este silêncio? Tem alguém, ou sou só eu? Ou sou só eu, diminuída, muito assustada...

Está perigoso lá fora.

Eu não estou eu lá na frente. Eu não estou em parte alguma.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Efêmero




Foi um dia muito bonito em sua neutralidade serena. A  efemeridade das coisas encanta ainda mais do que assusta.

A vida é leve, paira no ar. O tempo passa sem medo, o tempo já passou, e continua lindo. Nada dói.

Existe apenas a simples constatação de que o que passou, foi belo, e o que virá, será belo. O presente é fluida beleza.

domingo, 2 de setembro de 2012



Não há música, não há citação, nada.

Nenhuma palavra, nenhuma imagem, nenhuma mudança.

Nem o vazio.

Só o silêncio.

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