terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Sobre o meu direito de odiar o verão e falar abertamente sobre isso


Às pessoas que gostam de verão e não permitem que eu não goste e manifeste isso, eu dedico todas as baratas que apareceram na minha varanda e no meu banheiro.

Eu dedico todos os pernilongos que se banquetearam com o meu sangue.

Eu dedico todas as minhas noites insones.

E todos os meus dias improdutivos.

A todos aqueles que gostam de verão e não conseguem assimilar alguém que não goste, eu dedico todos os dias nos quais eu morri cozida no transporte público.

Todas as vezes em que a minha pressão abaixou.

Todas as vezes em que fiquei tonta.

E todas as vezes em que fiquei desidratada e doente.

A todos esses estranhos seres adoradores do sol, eu dedico todas as cantadas nojentas que já ouvi na rua por usar "uma roupa mais curta".

Dedico todas as contas de água gasta para lavar quilos e quilos de lençóis, fronhas e trajes suados.

Dedico todas as minhas plantas mortas.

E toda a dor da pele castigada pelo sol, apesar do protetor solar.

Ofereço a todos essas pessoas perturbadas, que tem a audácia de reclamar do inverno, toda a angústia dos meus amigos caninos e felinos com seus casacos de pelos permanentes.

Toda a comida que rapidamente estragou.

Todo o fedor das pessoas que transpiram irremediavelmente.

E todos os aparelhos eletrônicos pifados.

A vocês, um abraço bem grudento, bem molhado e bem demorado.

Porque verão só é bom dentro de uma piscina ou dentro do mar. No máximo no ar condicionado de alguma loja. E só!

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