terça-feira, 19 de abril de 2016

Pequeno ensaio sobre a fetichização do corpo feminino

A hipersexualização das mulheres na mídia contribui para um pensamento objetificante do corpo feminino e para a naturalização da violência contra a mesma. O corpo deixa de pertencer a ela e passa a pertencer e servir ao entretenimento do homem, somente. 

Toda vez em que a mulher quiser se apropriar do próprio corpo, estará cometendo um crime e será julgada, condenada, hostilizada e censurada. 

A mulher não pode amamentar um filho quando e onde bem entender, pois estará ferindo os "bons costumes", não pode ficar sem camisa ou soutien em público, pois estará cometendo "atentado ao pudor", mas pode sair em revista  e filme pornográfico, pode desfilar nua no carnaval, pode tirar as roupas todas em clubes masculinos, pode aparecer inteira nua em filmes/séries/HQs a qualquer momento, desde que esteja sempre divertindo o homem. 

Hora de largar a hipocrisia de lado e devolver à mulher o direito ao próprio corpo, o direito de se vestir como quiser sem ser importunada, de não precisar usar maquiagem, nem salto alto, nem soutien, nem cabelos longos, nem se mutilar e maltratar para ser aceita; de não precisar ficar nua/seminua em capa de revista toda vez que for falar sobre suas conquistas pessoais, de não precisar dar satisfação à ninguém sobre o que come ou deixa de comer, o direito de ocupar espaços públicos sem que toquem/olhem/assediem seus corpos maliciosamente.

A nudez em si não é um problema, não é "pecado", "coisa impura", é o estado natural do ser humano e ninguém deveria se aproveitar disso para oprimir, violentar, humilhar, assediar outra pessoa. O problema da nudez é o que fazem com ela. Problema é a quem ela serve, em qual contexto e por qual motivação ela ocorre e o que ela gera numa sociedade embasada na exploração feminina.

Já passou da hora de reverem o modo como retratam mulheres em comparação ao modo como retratam homens na mídia. Enquanto este e outros assuntos referentes à dominação masculina e submissão feminina não forem levados a sério, a liberdade e a segurança das mulheres estará sempre em jogo.

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