terça-feira, 1 de novembro de 2016

Justiça social


Às vezes deixar que as pessoas te ajudem, fazer elas se sentirem úteis, também é um gesto de afeto. 

Uma vez estava no carro com a minha mãe, parada no farol. Veio uma senhora com algumas poucas balas nas mãos querendo vendê-las, mas minha mãe, achando que estava ajudando, recusou as balas para que ela economizasse seu escasso produto, e quis dar dinheiro a ela sem levar nada em troca. A senhora começou a chorar e a pedir para que a minha mãe comprasse as balas: "Não... Compra as balinhas...", insistiu. Neste instante de confusão, o farol abriu e minha mãe saiu com o carro sem dar o dinheiro e nem comprar as balas.


Neste episódio, ficou claro para mim o quanto respeitar o próximo, preservar a dignidade do outro, muitas vezes é um sinal de gentileza muito maior do que a velha e boa "caridade". Ao invés disso, prefiro o conceito de "justiça social", aprendido em anos de colégio judaico. Tratar as pessoas, independente da classe social, da faixa etária, do grau de instrução, da etnia, da aparência e do gênero com o mesmo respeito; auxiliar sem desmerecer, oferecer meios e ferramentas sem rebaixar.

Quando uma pessoa procura te ajudar com sinceridade no coração, aceitar a ajuda de peito aberto e com gratidão muitas vezes é tudo o que elas desejam em retorno. Permitir que a pessoa se sinta de fato útil.

Quando alguém oferecer para pagar a conta, não brigue nem insista, não há necessidade disso. Agradeça e retribua depois. Aceite este gesto de gentileza. Você pode não saber, mas talvez tudo o que aquela pessoa precisava naquele dia era sentir que o dinheiro dela estava sendo valorizado por outros, que ela pode contribuir para o bem-estar alheio.
Isso dignifica, aumenta o senso de importância que alguém tem de si mesmo.


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