quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Cromossomos XX




Revendo um pouco a minha vida, dificilmente reconheço momentos nos quais desejei ser outra pessoa além de mim. Ao contrário, na maior parte do tempo, tudo o que busco e busquei foi a mim mesma, minha identidade, minha personalidade, meus defeitos, gostos, minhas virtudes e características mais profundas.

Acontece que me vi refletindo um dia desses com os meus amigos e concluí, mais uma vez, o quanto estou satisfeita por ser quem sou, apesar de todos os defeitos. Isso mais especificamente em gênero. Sim. Gosto muito de ter nascido mulher, obrigada, e não desejaria ser homem.

Baseio as seguintes reflexões em minhas experiências com homens até então, através de observações, interações e questionamentos. Não tenho a intenção de alimentar intrigas, promover segregação ou de concluir cientificamente coisa alguma, apenas acredito, apesar de toda semelhança, na existência de diferenças entre homens e mulheres em seus modos de assimilar informações, enxergar o mundo e se relacionar com ele, entre outros aspectos.

Isso deve parecer muito óbvio para você, ou talvez nem tanto, se você mantém ainda algum discurso feminista, no sentido igualitário da coisa. A questão é: homens, pelo menos os que me cercam, são mais práticos mesmo. Vivem de maneira mais objetiva e simples, dispensam nossos famigerados dramas femininos, nossas dificuldades, agonias, questões. Dificilmente me deparo com homens cuja mente se encontre povoada por inquietações, perdida em preocupações interligadas de maneiras inimagináveis, muitas vezes despropositadas. Vejo-os com problemas objetivos, até mesmo palpáveis, que, quando solucionados, o humor é restaurado e a vida segue bem.

Não preciso me aprofundar muito neste aspecto em relação a figura feminina, assim acredito. Tentarei ser breve.
Ser mulher é pensar e repensar sobre o mesmo assunto, em diversos momentos e sob infinitas visões. É sorrir com certa tristeza e chorar com certa alegria. É ver o mundo desabar de uma hora para outra e se reerguer na mesma velocidade, muitas vezes sem motivo aparente. É ser diabo e anjo, mãe e filha, fragilidade e força. É observar um mundo de "algos" mais, mergulhar no infinito, gritar calada ou calar gritando. É ser o paraíso no inferno, o inferno no paraíso ou ambos na Terra. É ser uma criadora em potencial, dotada do milagre da vida. Ser mulher, é também ser menina! Vocês me entendem?!



Permitam-me, então, um "desvio", porque quando concluí o quanto gosto de ter nascido do gênero feminino também pensei em outros aspectos, digamos assim... Mais "banais". Gosto de gastar um tempo do meu dia montando o "look" de acordo com o clima, destino, humor e intenção. Gosto de modular a voz como me convém, expressar interpretar uma idéia, emoção ou pensamento. Gosto da possibilidade de ser histérica, de saltitar por aí sem que ninguém estranhe. Gosto da possibilidade de ler tanto uma revista de moda quanto um livro de mecânica, ouvir tanto música pop melosa quanto heavy metal, de dançar rebolando, de ser extravagante. Gosto da liberdade de chorar copiosamente em público, de andar de braços dados e abraçar forte as amigas, de vestir terninho num dia e vestido no outro, de passar maquiagem, pintar as unhas de N cores e usar salto alto...

Enfim... Dei esta volta toda apenas para dizer: gosto de ser mulher, no sentido pelo qual compreendo esta definição e não desejaria ser outra coisa.

2 comentários:

Niquito disse...

Eu também gosto que você é mulher! Rsrsrsr!

A verdade é que, apesar do homem enxergar o mundo de maneira mais direta e racional, nós também podemos ter muitas angustias internas. Mas talvez tenhamos mais pudor de dizer.

Mas a mulher tende a problematizar mais enquanto o homem tende a simplificar. E simplificar nem sempre é bom. Assim como, quando se problematiza, pode-se se perder e não chegar a lugar nenhum. Mas quando se chega, vai-se muito mais longe do que alguém que não teve coragem de tentar ir além.

Ah! E eu também gosto de mulheres, por isso sou feliz por ser homem!

Nathi disse...

"Eu gosto de ser mulher..." Como já cantou Maria Bethânia.

Nossa Paulinha, você sabe se expressar hein, ainda ontem conversava com o Leão sobre porque as pessoas complicam tudo? Eu gosto de simplicidade, sempre vejo o lado mais fácil, mais prático, mais racional, gosto disso. Mas, convenhamos, ter a carta na manga de ser mulher e poder viver todas as contradições que quiser no mesmo dia, isso eu admito: Adoroo!!!

Beijo beijo e parabéns! Texto brilhante!

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