quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A perda

Se eu pudesse definir perda em uma palavra seria "vazio". Porque quando perdemos alguém, é como se a nossa vida se esvaziasse de sentido. Planos, sonhos, ocupações, perdem um pouco da razão de ser, não como se deixassem de ter utilidade objetiva, mas como se deixassem de ter aquele toque especial que nos impulsiona a concretizar com mais convicção, tranquilidade e felicidade.


Não me refiro, entretanto, a perdas maiores e irremediáveis, daquelas pelas quais sentimos vontade de arrancar o coração do peito tamanha a dor. Não. Me refiro a perdas mais inusitadas, nostalgias do que não se viveu ou deixou de viver, como se "de repente, não mais que de repente [...] fizesse* do amigo próximo, o distante...". Precisamente isso. Uma perda fruto de separação.


A nossa vida, de compartilhada, vira só nossa. E isso assusta, como se de uma hora para outra caminhassemos sozinhos por um trajeto, não necessariamente obscuro ou perigoso, mas sem uma mão segurando a nossa.


A realidade se torna um pouco mais real e por isso, talvez, mais difícil, porque se preenche por uma repentina apatia. Como em certa música que eu ouvi, é uma "ausência fazendo silêncio em todo lugar". Um silêncio nublado e quase agudo.


Isso me faz pensar se por acaso sou dependente das pessoas a esse ponto. Se a minha vida é tão errada que sem os outros perde o significado, como se perdendo o outro me perdesse um pouco também.




Acho que a felicidade, de fato, só é real quando compartilhada.

Um comentário:

Nathi disse...

"É impossível ser feliz sozinho"
Já disse o mestre.

Perda.
vazio.

Todos nós enchemos nossas vidas de outras vidas para que nos tornemos vidas mais cheias de vida.
Normal.
Você não é ET!

^^

Não por isso

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