terça-feira, 23 de novembro de 2010

Eu idosa


Eu sou uma outra eu quando penso numa eu idosa. E o estranho é que essa eu idosa exigiria respeito como qualquer outra idosa. 

Acho engraçado imaginar um encontro da minha eu idosa com a minha eu de agora. Cumprimentaria daquele meu modo doce e distante de quem compreende a existência de certo respeito hierárquico? Cederia meu lugar? Ajudaria a sentar e a andar repousando seu (meu?) braço no meu? Falaria de maneira baixa e lenta? 

Não quero dizer que seja uma outra eu totalmente distinta. É apenas uma eu distante. Uma eu muito ela, cheia de peculiaridades e experiências, mas também, para a eu de agora, uma eu cheia de estereótipos. Só porque sou eu mais velha, não significa que é outra. Cumprimentaria como cumprimento a mim mesma. Não cederia meu lugar, procuraria outro para ela. Não daria o braço porque a (me?) ajudo, mas porque nos ajudamos. Falaria como converso comigo mesma. 

Como tudo isso ocorre, entretanto, já é outra questão, quase diretamente proporcional ao modo como me trato. Se eu gosto ou não de mim mesma, isso iria se refletir na minha interação com a minha eu idosa e vice-versa. Acho que se eu encontrasse a minha eu idosa, ouviria-a com toda a atenção e respeito, mas muito mais que isso, com toda a cumplicidade. Seria um encontro muito emocionante, sem dúvidas... Talvez o encontro mais aguardado de todos os tempos. O encontro comigo mesma.

Um comentário:

Nathi disse...

Nossa, nunca pensei num encontro assim...já quis me ver pequenininha, mas idosa, nunca pensei..interessante!
=]

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