domingo, 14 de agosto de 2011

Porque às vezes deixo mal explicado






Porque às vezes deixo mal explicado, e quando passa o momento de me explicar, continuo, mentalmente, debatendo com um interlocutor imaginário. E como desta vez eu cansei do debate, quero me esclarecer. E espero saber explicar melhor agora, mesmo sendo o tema muito abrangente e relativo.

"É amizade até que se prove o contrário".

Não sei como poderia ser diferente. Ninguém do sexo oposto é para mim pretendente. O que pode ser um flerte para o outro, para mim é demonstração de carinho. Sempre. Até um beijo, classificado como uma "ficada" pela maioria, para mim, se não é seguido por algum tipo de declaração clara de amor, é apenas um carinho entre amigos, não modifica nada (entretanto, na realidade, este tipo de demonstração de afeto não é permitida dentro do meu relacionamento com Rafael, até aonde eu sei... Por isso demonstro afeto pelos meus amigos de formas mais "tradicionais"). 


Logo, a palavra "ficante" não existe no meu vocabulário. Primeiro porque, em geral, é relacionado com o contato íntimo entre pessoas estranhas. Agora me responda: qual é o sentido de ter um contato ÍNTIMO entre ESTRANHOS? E qual é o sentido de frequentar uma pessoa apenas por isso, mantendo a intimidade física, mas sem o interesse de conhecê-la realmente? Certo, pode fazer muito sentido para várias pessoas, inseridas em circunstâncias distintas das minhas, mas para mim não. Antes uma masturbação do que um sexo sem amor, se me permitem o termo ou o assunto. Eu não saberia dizer, de fato, mas, talvez, se entre amigos ocorre contatos físicos mais íntimos, apenas porque isso é natural para eles, não representa problema algum, desde que não cause nenhum mal ou confusão para ninguém.


Para mim, só se apaixonada quem quer. Quem faz questão de alimentar este sentimento, sabendo ou não da possibilidade da outra pessoa sentir o mesmo. E eu só me permito apaixonar, portanto, se o outro demonstra antes sentir o mesmo. Se me sinto realmente segura para tanto, porque não desejo sofrer desiludida ou rejeitada. Muito racional ou muito idiota da minha parte não querer sofrer de amores não correspondidos? Não sei. Só sei que, até então, funciona muito bem assim. 

Acontece que eu preciso ouvir da própria pessoa para reconhecer a existência de um sentimento mais amplo. Mesmo se talvez, em algum momento, eu tenha sentido o mesmo. Simplificando, não me declaro nunca, porque costumo acreditar, antes de mais nada, na amizade em potencial. E invisto nisso, na relação de amizade, no companheirismo, no carinho, no querer o bem do próximo, nos passeios. Caso esta espécie de amor comece a evoluir para o que chamamos de paixão, não tomo a iniciativa, espero a manifestação do outro. Isso mesmo: se dependesse de mim, eu teria vivido solteira e "casta" eternamente, mas rodeada de ótimos amigos. ;-)

Se tenho a impressão de estar nutrindo pelo outro algo um pouco maior do que a amizade cotidiana, como uma necessidade de frequentá-lo mais, de sentí-lo mais, de introduzir esta pessoa na minha história de um jeito mais especial, eu não alimento esta necessidade se o outro não expressar o mesmo em palavras. E prossigo com uma boa relação de amizade e carinho, sem dramas, sem sofrimento, muito feliz e satisfeita.

Se, ao contrário, a pessoa me revela este sentimento de "algo a mais", mas eu não compartilho, não alimento nela tal desejo, fazendo com que perceba como vejo nossa amizade e desfazendo, talvez, possíveis interpretações equivocadas, evitando ilusões e tristezas. Caso ambos queiram prosseguir amigos, prosseguimos amigos.

Se tenho um amigo, convivo com ele, converso com ele frequentemente, adquiro maior intimidade, aprecio a sua presença e ele declara compartilhar das mesmas sensações e sugere estreitar os laços de amizade, pois, além disso, nutre por mim uma escala maior de amores, uma necessidade maior de convivência, uma atração física, compatibilidade de idéias, um gostar além, também, das aparências, que supera os defeitos... Se ele me informa sobre esses sentimentos eu acabo concordando, após verificar que sinto o mesmo. E assim ambos alimentam esta relação de amizade com todos esses "a mais" e permanecem unidos, até um momento no qual a convivência se torna difícil e nenhum dos dois conseguem superar tal dificuldade, ou por N outras razões. Por enquanto, permaneço ao lado do meu amor muito feliz e cada vez mais apaixonada e espero continuar desta forma por muito tempo.

Posso estar equivocada, em todos os aspectos ou em alguns, mas é a minha forma de me relacionar com o sexo oposto, fazendo dele SEMPRE meu amigo, não importa se evoluir para algo mais profundo ou não. De uma forma ou de outra, penso que ninguém sai perdendo, porque, de minha parte, mesmo que eu não corresponda à paixão do próximo, mesmo se corresponda, vou me esforçar, sem dúvida, para manter uma boa e sadia amizade.


Me expressei bem?

4 comentários:

nico disse...

Não poderia ter se expressado melhor. Essa é a Paula =)

nico disse...

Não poderia ter se expressado melhor. Essa é a Paula =)

Ludmila. disse...

Olha, vou dizer: se expressou bem e me deu um tapa na cara no melhor dos sentidos! ;)
Tenho a péssima mania de nutrir sentimentos por que não deveria e deixar pra lá quem vale a pena... Bem, seu texto foi mais um ânimo pra mudar isso.

Ótimo! Beijos*

ps: não conhecia seu blog. Gostei bastante e seguirei agora.

Unknown disse...

Obrigada pelos comentários! Gosto de ouvir diversas opiniões.. =]
Seja muito bem-vinda, Lud! Fico muito contente!
É, relacionamentos são complicados, mesmo. Eu confesso que adquiri com o tempo (não que eu tenha muuuito tempo de vida ou muita experiência) a agir desta forma... Eu confesso que, até agora, se tornou, para mim, a fórmula infalível contra desilusões, não sei se é a melhor...
Mas acho que é isso, saber se entregar quando achar seguro. Talvez quem realmente goste de nós consiga nos transmitir esta segurança, em palavras ou não. (é que eu sou mais exigente, preciso de palavras, hahaha..)

Beijos! Volte sempre! =D

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