quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Vida fugaz



Hoje aquela inquietação me capturou novamente. Aquela vertigem de mundo. Vida arrastada por uma correnteza forte, ímpia e tenaz. Tudo passando borrado pela lateral dos olhos. O tempo, o tempo, o tempo, o tempo que não espera! Como um furacão sugando tudo e arremessando para todas as direções. Abandonando todos os momentos antes degustados, todas as pessoas antes frequentadas, todos os projetos acabados e inacapados, todas as minhas coisas, todos os meus sonhos. Tudo se torna, então, banal. Tudo vira distração. Até os planos mais "sensatos". Ilusões. Ilusão de vida bem vivida. Distração. Distração do quê? Distração da vida. O tempo passando alucinado e você preocupado em lançar um tennis no mercado, em descobrir a maquiagem ideal, em gravar o filme do ano, em assistir um show de rock, pagar as contas do mês, tirar carteira de motorista, pesquisar sobre a reprodução da largatixa do Oeste Norte Americano, comprovar uma tese de doutorado, comprar um computador de última geração, aprender foxtrot, pintar o armário, ser promovido à funcionário sênior, lançar um viral no Youtube, casar, comprar uma casa em Pindamanhangaba, ir ao salão de beleza. Para quê? Para se distrair de alguma coisa importante, não sei direito qual. E então tudo o que você tem de "concreto" na sua vida está aí acumulando poeira no seu armário e só. Vira história. Vira foto no Facebook. Tudo isso porque não sei e não consigo entender qual é o sentido de tudo isso. Até aonde estou sendo arrastada. Por qual razão. O que estou perdendo.

Às vezes eu só gostaria muito que o tempo parasse de correr por um instante, parasse de me envelhecer um pouco a cada dia, de sempre me atrasar para alguma coisa, seja ela qual for, de tornar tudo urgente, parasse um pouco para eu tentar entender o que significa tudo isso,  afinal. E tentar aprender como e porque devo viver a vida. O resto você sabe.

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